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de Agosto de 2006 - Terra Indígena
Kayapó/PA – Queimada recente de área
dentro do território indígena,
provavelmente para conversão do local
em pasto.
Marabá (Pará)
- O responsável pelo primeiro foco
de desmatamento constatado pela Operação
Kayapó poderá arcar com uma
multa de R$ 450 mil. A informação
é do chefe da Divisão Técnica
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)
em Marabá (PA), Gudmar Regino Dias.
A operação
reúne Polícia Federal (PF),
Fundação Nacional do Índio
(Funai) e Ibama para combater a grilagem de
terras, a extração ilegal de
madeira e o garimpo na Terra Indígena
Kayapó, no sudeste do Pará.
Na batida inicial, os agentes
da PF encontraram uma área recém-incendiada
menos de um quilômetro para dentro do
território indígena. Ao lado,
num barracão construído em invasão
anterior, havia candeeiros, espigas de milho
pelo chão e mamões já
cortados, indicando que alguém tinha
abandonado a área momentos antes.
Pouco depois, quatro trabalhadores
ilegalmente instalados em outro acampamento
na terra kayapó foram encontrados e
confessaram ter sido contratados para desmatar
10 alqueires (correspondentes a cerca de 50
campos de futebol, pelo padrão regional)
por R$ 5 mil. Outros dois foram encontrados
alguns quilômetros adiante.
A multa calculada pelo Ibama
abrange aqueles 10 alqueires e outros 50 de
queimadas e desmatamento. “Segundo o Código
Florestal [uma das bases da legislação
ambiental], os valores vão de R$ 50
a R$ 50 milhões, considerando o tamanho
da área e o dano causado”, explicou
Gudmar Regino Dias à reportagem da
Radiobrás.
Ele informou que a punição
é para quem ordenou a ilegalidade.
“Nosso foco não são essas pessoas
[os trabalhadores encontrados], que são
meras ferramentas. Eles não são
totalmente isentos de culpa e podem responder
pelo que fizeram de acordo com o que for apurado,
mas queremos achar quem está patrocinando
essas ações.” As investigações
apontam para um fazendeiro residente em Ourilândia,
município da região.
Na última quinta-feira
(3), integrantes da operação
sobrevoaram a terra indígena. Segundo
o chefe do Núcleo de Apoio da Funai
em Tucumã (PA), Odenildo Coelho da
Silva, os pontos desmatados parecem ser os
mesmos 19 verificados em novembro – quando
o órgão obteve imagens de satélite
da área –, mas alguns deles mais do
que dobraram em extensão nesses nove
meses. Também por via aérea,
a reportagem avistou áreas recém-incendiadas,
ainda com restos de fumaça, a quilômetros
de distância de qualquer estrada vicinal.
A previsão é
de que a operação, com a qual
colaboram diretamente dois Kayapó,
dure um mês.
Pedro Biondi