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de Agosto de 2006 - Brasília - As ações
para recuperar o solo e a água em áreas
degradadas da Bacia do Rio São Lourenço,
no Mato Grosso, poderão servir de exemplo
para salvar outro rio do Centro-Oeste. Nesta
semana, cerca de trinta produtores rurais
do Mato Grosso do Sul foram conhecer a experiência
do estado vizinho, chamada de Projeto Cerrado
Sustentável, para aprender a reduzir
os danos ambientais causados por suas propriedades
à Bacia do Taguari.
De acordo com o assessor
de Meio Ambiente da Federação
da Agricultura do Mato Grosso do Sul (Famasul),
Josiel Quintino dos Santos, a Bacia do Taquari
enfrenta sérios problemas e a ajuda
poderá ser importante para diminuir
os danos ambientais. O rio tem 787 quilômetros
de extensão. “É um desastre
ecológico muito grande, de proporções
inimagináveis, com centenas de fazendas
na região do Baixo Pantanal já
alagadas por conta do assoreamento do Taquari”.
A visita dos proprietários
rurais teve o apoio do Programa Pantanal,
do Ministério do Meio Ambiente. Segundo
o ministério, as agressões ao
rio aumentaram nos últimos trinta anos.
O coordenador do programa, Paulo Guilherme
Cabral, explica que a idéia é
ajudar a desenvolver um projeto semelhante
ao Cerrado Sustentável no Mato Grosso
do Sul. “Uma das formas que a gente identificou
é conhecer o trabalho feito pelo governo
de Mato Grosso para que os proprietários
se convençam, inclusive, de que é
um trabalho que dá resultados”, explica
Cabral.
O objetivo do Cerrado Sustentável
é identificar as áreas destruídas
e, junto com os produtores rurais, buscar
formas de recuperá-las. Criado em outubro
do ano passado, é uma iniciativa da
Secretaria Estadual de Meio Ambiente, em parceria
com a organização não-governamental
The Nature Conservancy e a Federação
da Agricultura do Mato Grosso (Famato). A
expectativa é atingir duas mil propriedades
rurais, numa área de 4,5 milhões
de hectares.
Num primeiro momento, as
ações consistem no cadastramento
de propriedades rurais, de acordo com o coordenador
do projeto pela TNC, Glauco Freitas. O resultado
apontou a existência de mais de 1,2
mil propriedades rurais, segundo a assessoria
de imprensa da Famato. As próximas
fase do projeto serão o mapeamento
dos danos ambientais e, depois, a implementação
de ações para recuperar essas
áreas.
“A gente vai identificar
os passivos ambientais e depois promover formas,
opções de regularização
desses proprietários”, explica Freitas.
Segundo ele, o Cerrado Sustentável
não tem caráter punitivo, o
foco é a educação ambiental.
“Esse projeto acaba tendo um cunho de educação
ambiental, porque, uma vez que a gente vem
aqui, conversa com o proprietário,
explica para ele o Código Florestal,
as leis, as obrigações que ele
tem. Mas de forma não punitiva”.
Juliana Andrade