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de Agosto de 2006 - Ourilândia do Norte
(Pará) - A Polícia Federal (PF),
Fundação Nacional do Índio
(Funai) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) começaram uma operação
para combater a grilagem de terras, a extração
ilegal de madeira e o garimpo na Terra Indígena
Kayapó, no sudeste do Pará.
A Operação Kayapó, que
teve início às 4 horas, fará
a retirada de 50 pessoas, segundo estimativa
da Funai.
O ex-administrador regional
do órgão em Marabá, Eimar
Araújo, um dos coordenadores da ação,
explicou à Agência Brasil que
a presença dos invasores foi identificada
há cerca de um ano, após denúncia
dos kayapó. E foi confirmada com o
sobrevôo da área e o uso de imagens
de satélite. “Constatamos a presença
de 19 focos de desmatamento”, disse Araújo.
Ele contou que a maioria dos locais estava
em preparação para virar pastagem.
“Esperamos que a saída
[dessas pessoas] seja pacífica”, comentou
o chefe da equipe, o delegado da Polícia
Federal Delfino de Castro Neto, que prevê
uma empreitada de 12 dias. “A área
é muito grande e isso dificulta a fiscalização
pelos órgãos federais. Cria
a necessidade de uma ação quase
permanente”. São quase 3,3 milhões
de hectares – cada hectare corresponde a um
campo de futebol.
Castro Neto disse que o
fato de a população local já
estar ciente da operação pode
evitar enfrentamento com os invasores. Segundo
ele, estão envolvidos 24 homens da
PF, o que caracterizaria uma operação
de médio porte.
Também integram a
comitiva dois representantes da aldeia kayapó
Kikretum – um deles, o chefe de guerreiros
Piydjô. Responsável por um dos
papéis de liderança na organização
política dos kayapó, ele resumiu
como encara a presença dos estranhos:
“Fazendeiro estraga o mato, madeireiro estraga
o mato, e nós precisamos do mato grande
para criar os bichos que a gente caça”.
Pedro Biondi