09
de agosto - Chegou ao fim a primeira etapa
de uma operação conjunta entre
a Funai (Fundação Nacional do
Índio), Polícia Federal e Ibama
(Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos
Naturais Renováveis), junto de índios
Kayapó, para expulsar invasores da
Terra Indígena Kayapó, localizada
no sul do Pará. Iniciada na última
quarta-feira 2 de agosto, a equipe expulsou
19 invasores, todos eles trabalhando a mando
de fazendeiros e grileiros da região
para derrubar a mata com o fim de preparar
o local para pasto. Junto deles, foram aprendidas
três moto-serras, cinco espingardas
e um revólver calibre 38. Os acampamentos
onde se encontravam foram todos destruídos.
Segundo o chefe da operação,
o assessor da Diretoria de Assistência
da Funai, Eimar Araújo, o primeiro
objetivo da operação foi totalmente
cumprido. “Conseguimos fazer a desintrusão
da área. As pessoas que iniciavam o
desmatamento foram flagradas e retiradas.
Agora, temos que garantir que essas pessoas
permaneçam fora”, disse. Para impedir
o retorno dos invasores, uma equipe da Funai,
junto de guerreiros Kayapó da aldeia
Kikretum, vão permanecer no local,
pelo menos, até o final do mês.
Lá será construído um
posto de vigilância e fiscalização,
que será permanentemente ocupado até
o início da época da chuva,
para evitar a entrada ilegal de pessoas com
o intuito de aproveitar essa época
do ano para semear pasto.
As pessoas encontradas dentro
da área eram trabalhadores, muitos
em situação degradante e, de
acordo com o delegado da Polícia Federal,
Antônio Delfino de Castro Neto, pode
ser caracterizado até mesmo trabalho
escravo. Todos eles foram ouvidos, colhidos
depoimentos, fichados, e depois liberados.
Denunciaram sete fazendeiros que estariam
por trás de suas contratações,
e cinco grileiros que teriam vendido ilegalmente
terra dentro dos limites da Terra Indígena.
Logo após deixar o local da operação,
a Polícia Federal passou a investigar
e a ouvir os próprios acusados de serem
os mandantes nas cidades onde residem: Tucumã,
São Félix do Xingu, Xinguana
e Redenção,
Há ainda a possibilidade
de fazendas que possuem limite com a terra
indígena terem aumentado suas posses
ilegalmente sobre a área. “Por imagens
de satélites, pode haver alguns casos
de fazendas que sobrepuseram o pique de demarcação.
Isso vai ser constatado com a limpeza do pique,
o outro passo para garantir a proteção
da terra indígena”, informou Araújo.
A operação
entrou cerca de 30 km quilômetros dentro
da mata, e encontrou quase 20 focos de desmatamento.
Nos sobrevôos, foram identificados ainda
três possíveis garimpos em atividades,
numa área distante da que ocorre as
invasões. Um deles foi desativado pela
operação; as pessoas fugiram
e os barracos foram queimados. A Polícia
Federal, junto da Funai e dos índios
Kayapó, prepara agora uma nova operação
para desativar os garimpos e expulsar os garimpeiros.
T.I. Kayapó
A Terra Indígena Kayapó tem
3,284 milhões de hectares, uma população
de aproximadamente quatro mil índios,
e foi homologada em 1991, envolvendo os municípios
de Bannach, Cumaru do Norte, Ourilândia
do Norte e São Félix do Xingu,
no sul do estado do Pará.