18
de Agosto de 2006 - Brasília - A produção
de carvão a partir da madeira de matas
nativas de Minas Gerais foi o tema de uma
reunião realizada ontem (17) pela Comissão
de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa
do estado, a pedido da Associação
Mineira de Defesa do Ambiente (Amda).
“Levamos dados de desmatamento
no estado de Minas Gerais e a maior parte
está acontecendo em função
da fabricação de carvão
vegetal para suprir os fornos da indústria
de ferro”, disse a superintendente executiva
da Amda, Maria Dalce Ricas.
Segundo ela, a legislação
florestal dá brecha para o desmatamento
de mata virgem, pois permite que o produtor
rural derrube mais árvores que o permitido
desde que pague a taxa de desmatamento em
dobro e plante algumas árvores para
compensar. “Se as empresas pagarem a taxa,
elas podem consumir até 100% [de mata
virgem], ou seja, é um incentivo claro
ao desmatamento”, afirmou.
“Nós tentamos inviabilizar
o desmatamento aumentando as taxas, mas existem
aqueles que preferem pagar e consumir”, disse
o diretor do Instituto Estadual de Florestas
(IEF) Rubens Vargas.
De acordo com Maria Dalce
Ricas, a questão foi levada à
Assembléia Legislativa para que seja
avaliada uma possível mudança
na lei. "Dependemos de uma base jurídica
nessa situação e a assembléia
pode mudar a legislação vigente",
informou.
Rubens Vargas explica que
os dados do IEF apresentados na reunião
foram solicitados pela Adma. Os números,
do ano passado, se referem ao consumo de carvão
vegetal no estado (12,4 milhões de
metros cúbicos de origem plantada e
R$ 2,2 milhões de m3 de florestas nativas)
e ao desmatamento, que totalizou 33,1 milhões
de hectares.
O estado de Minas Gerais
reúne cerca de 65% do minério
de ferro existente no Brasil. Para obter maior
pureza, os produtores utilizam carvão
vegetal em altos fornos, elevando a temperatura
e transformando o minério em ferro
gusa. Depois, o produto passa por uma fase
de refino para virar aço. De acordo
com o IEF, 80% do carvão vegetal produzido
no Brasil é consumido pelo parque siderúrgico
do estado.
Monique Maia