15
de Agosto de 2006 - Rio de Janeiro - Além
dos caminhos do Café e do Ouro, mais
três rotas históricas da Estrada
Real, que ligavam as cidades do interior ao
mar pelo Rio de Janeiro, começam a
ser resgatadas. O projeto vem sendo desenvolvido
pelo município de Duque de Caxias,
na Baixada Fluminense (RJ), com o objetivo
de destacar a importância histórica
da cidade e gerar negócios e empregos
na região.
Concluída a fase
de elaboração, a próxima
ação é iniciar as escavações
nos sítios arqueológicos, indígenas
e quilombolas mapeados pelo projeto. O trabalho
conta com interesse particular de representações
do movimento negro interessadas em recuperar
a história da luta dos escravos pela
liberdade ao formarem quilombos.
O projeto Caminhos de Caxias
foi criado com base em levantamento realizado
em convênio com o Laboratório
de Arqueologia Brasileira da Universidade
Federal do Rio de Janeiro. O estudo levantou
três trajetos de grande importância,
com ruínas históricas e 18 sítios
arqueológicos, sendo cinco dentro da
Reserva Biológica de Tinguá,
no trecho localizado no município.
Segundo a secretária
de Cultura de Duque de Caxias, Carmem Migueles,
o objetivo do trabalho, além de estabelecer
as rotas, é agregar à estrada
os bens imateriais da região, como
os grupos de artesanato e folclore, em pontos
diferentes que sirvam de atrativo aos turistas
para a geração de renda. Migueles
adiantou que trabalha para incluir o projeto
no do Plano Diretor do município para
garantir a sua preservação.
Os novos trechos da Estrada
Real passam pela Fazenda de São Bento,
pertencente aos padres beneditinos, cujo monastério
barroco é tombado pelo estado e incluem
a Igreja Nossa Senhora do Pilar, construção
da primeira fase do barroco no Rio. O primeiro
marco de concreto, igual ao usado na Estrada
Real em Minas Gerais, será colocado
na fazenda dos beneditinos, e depois colocado
a cada quilômetro. A rota parte desse
ponto, segue até a Igreja do Pilar
em direção a Capivari, juntando-se
ao caminho para Minas na Serra do Carmo.
Outro caminho parte da localidade
de Iguaçu Velho, que fica a 300 metros
da divisa de Caxias com Nova Iguaçu,
depois corta uma grande área do bairro
de Xerém até o limite da reserva
do Tinguá e sobre a reserva em direção
a Minas Gerais.
O terceiro é considerado
o mais difícil de delimitação,
porque passa por áreas urbanas. Essa
rota era usada como alternativa pelos tropeiros
que faziam o caminho a pé, quando o
grupo não voltava direto do rio de
Jeneiro pelo mar para o porto Estrela, no
município de Magé, e dali seguir
até Minas Gerais. Os tropeiros passavam
por Caxias, indo até a Igreja do Pilar
e seguindo uma reta em direção
ao porto Estrela.
Norma Nery