21/08/2006 - Está em fase final a
licitação que permitirá
a aquisição de 27 caldeiras
para distribuí-las a associações
e entidades de produtores de plantas ornamentais,
flores, do morango e outras hortaliças.
Elas serão usadas no tratamento do
solo, em substituição ao brometo
de metila - gás altamente cancerígeno,
listado entre as Substâncias que Destroem
a Camada de Ozônio no Protocolo de Montreal.
Essa é mais uma medida do governo
federal dentro do Plano Nacional de Eliminação
do Brometo de Metila, que, em julho de 2005,
recebeu US$ 2 milhões do Fundo Multilateral
do Protocolo de Montreal para eliminar aproximadamente
230 toneladas da substância, ainda utilizada
nessas culturas no Brasil. "O brometo
cria um vácuo biológico. Ele
não elimina apenas insetos, fungos,
bactérias e ervas daninhas, mas todo
o ser vivo presente no solo. Além disso,
afeta sensivelmente a saúde do trabalhador
rural", explica o diretor do Programa
de Melhoria da Qualidade Ambiental do Ministério
do Meio Ambiente, Ruy de Goes Leite Barros.
A caldeira permite o preparo de substrato
do solo em grande escala, sem o gás.
Os microorganismos nocivos, os fitopatogênicos,
que causam doenças nas plantas, não
resistem a alta temperatura por vapor num
tempo determinado. Assim, são produzidas
mudas sadias, com manutenção
da qualidade e quantidade da produção.
Um estudo do Ministério do Meio Ambiente
revelou que os estados onde ainda há
maior incidência do uso do gás
na desinfecção do solo são
Pernambuco e São Paulo. As 27 caldeiras
que serão compradas pela UNIDO, agência
implementadora do projeto ligada à
Organização das Nações
Unidas, deverão ser distribuídas
a partir de critérios estabelecidos
na portaria 200 do Ministério do Meio
Ambiente, publicada em 29 de junho deste ano
no Diário Oficial da União.
Associações, cooperativas ou
pessoas jurídicas representativas da
classe de agricultores usuários do
brometo de metila, que se enquadram nas exigências
da portaria, deverão apresentar os
documentos necessários para a seleção
até o dia 22 de setembro. O endereço
para a correspondência é: Esplanada
dos Ministérios, bloco B, sala 832,
Brasília, DF, CEP: 70068-900. O projeto
prevê também a realização
de cursos de capacitação para
o uso das caldeiras.
Para atender à demanda de pequenos
agricultores, o governo está analisando
a possibilidade de distribuição
de um equipamento mais simples, chamado coletor
solar. Desenvolvido pela Embrapa Meio Ambiente
e pelo Instituto Agronômico de Campinas
(Divisão de Engenharia Agrícola),
o coletor consiste em uma caixa de madeira
com seis tubos metálicos e uma cobertura
de plástico transparente, que permite
a entrada dos raios solares. A terra é
colocada nesses tubos, onde a temperatura
chega a 80ºC. Depois de dois dias, ela
está livre dos microorganismos nocivos
e pode ser usada na sementeira.
Todo o esforço do projeto, feito em
parceria com o Ministério da Agricultura,
o Ibama, a Anvisa, a Agência Brasileira
de Cooperação do Ministério
de Relações Exteriores e UNIDO
(agência implementadora internacional),
tem um objetivo claro: adaptar o país
à legislação que determina
a eliminação do uso de brometo
de metila em sementeiras de hortaliças,
flores e formicidas a partir de dezembro deste
ano. Na cultura do fumo, e proibição
iniciou em 2004 e, a partir de 2015, ela também
valerá para o tratamento quarentenário
e fitossanitário.
Marluza Mattos
Foto: MMA