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de Agosto de 2006 - Brasília - Pescadores
do Nordeste estão reunidos para discutir
propostas e apontar diretrizes que possam
diminuir os impactos negativos da criação
de camarão em cativeiro, a chamada
carcinicultura. Desde ontem (20), eles participam
do Seminário: Manguezal e Vida Comunitária:
Os impactos sócio ambientais as carnicicultura,
que termina quinta feira (24), em Fortaleza.
O tema do evento é o avanço
desse tipo de cultura, as conseqüências
sociais e os prejuízos ao meio ambiente
que a atividade proporciona.
Impactos gerados pela carcinicultura
incluem danos a ecossistemas e prejuízos
sociais. “Geralmente a carcinicultura é
desenvolvida por grandes empreendedores que
se estabelecem em áreas de manguezal,
de onde tradicionalmente as comunidades de
pesca artesanal tiram seu sustento” explica
o diretor-presidente da Associação
de Estudos Costeiros e Marinhos, Ecomar, o
biologo Paulo Beckenkanp. Segundo ele, o estabelecimento
de fazendas de criação de camarão
causa o desaparecimento de várias espécies,
a proibição de acesso a áreas
de coleta de mariscos, além da expulsão
de pescadores, o que gera conflitos de terra
o empobrecimento das populações
tradicionais.
“Os manguezais têm
uma importância fundamental para a preservação
e conservação de diversas espécies.
A espécie-foco da criação
de camarão é uma espécie
exótica, o camarão vanamei,
que coloca em risco as espécies nativas
da região” afirma Becenkanp. O camarão
vanamei (Litopenaeus vannamei), também
conhecido como camarão branco do Pacífico,
é originalmente da costa latino-americana,
entre o Peru e o México.O fato de a
espécie crescer rapidamente e ser de
fácil adaptação a novos
meios levaram criadores de todo o Brasil a
optar pelo venamei.
Entre os impactos ambientais,
estão também a modificação
do fluxo das marés, a disseminação
de doenças entre crustáceos,
a perda da cobertura vegetal e a contaminação
da água.
O seminário foi organizado
pelo Conselho Pastoral dos Pescadores, pelo
Movimento Nacional dos Pescadores (Monap),
pelo Instituto Terramar e pelo Fórum
em Defesa da Zona Costeira dos Cearenses.
“O anseio dos pescadores é que seja
dado um basta no avanço da carcinicultura
no Brasil, principalmente no Nordeste. Além
disso, que as atividades já existentes
sejam monitoradas” afirma secretária
executiva do Conselho Pastoral dos Pescadores,
Laurineide Maria Santana.
Durante os quatro dias de
evento serão debatidos temas como políticas
públicas de carcinicultura, conservação
dos manguezais, e estratégias de enfrentamento
a essa atividade.
A previsão, segundo
Santana, é que, ao final do seminário,
os participantes elaborem um documento que
será chamado Carta de Fortaleza. O
documento repudia a carcinicultura e a política
governamental para a pesca artesanal. "O
governo fortalece a aqüicultura e, em
especial, a carcinicultura", diz Santa.
"O governo investe na pesca com investimento
em infra-estrutura e com benefícicio
como isenção de enrgia, por
exemplo, em estados como o Rio Grande do Norte.
A pesca artesanal tem apenas projetos compensatórios
que não melhoram a qualidade de vida
da comunidade pesqueira".
Gabriella Noronha