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de Agosto de 2006 - Brasília - Em março
de 2004, a região o Sul do Brasil registrou
um fenômeno climático inédito:
o primeiro furacão formado no país.
O Catarina atingiu as áreas costeiras
de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul,
causando prejuízos de mais de R$ 1
bilhão e 11 mortes.
O aparecimento de um furacão
no Brasil é conseqüência
do chamado aquecimento global, causado principalmente
pela emissão de gases na atmosfera,
que causam o efeito estufa.
As evidências científicas
dos efeitos do aquecimento global em várias
regiões do Brasil estão no relatório
Mudanças do Clima, Mudanças
de Vidas, lançado hoje (23) pela organização
não-governamental Greenpeace.
“Com relação
a furacões, o Atlântico Sul era
considerado uma zona livre de furacões
até a ocorrência do furacão
Catarina em 2004. E algumas instituições
de pesquisa, como as do Reino Unido, por exemplo,
mostram que no futuro pode ser a rota (Atlântico
Sul) de novas tempestades fortes e até
mesmo furacões, entre o Sul do Brasil
e o Rio de Janeiro”, afirma o coordenador
no Brasil da Campanha de Clima do Greenpeace,
Carloss Rittl.
De acordo com o Greenpeace,
os Estados Unidos são o país
que mais emite gás carbônico
na atmosfera, um quarto do total de emissões
do mundo. O Brasil ocupa a quarta posição
no ranking dos poluidores. Por aqui, o desmatamento
da Amazônia é o principal responsável
pela emissão brasileira de CO².
“O Brasil é hoje
o quarto maior emissor, 75% dessas emissões
vêm da destruição das
nossas florestas, ou seja, é um problema
que nos expõe porque perdemos florestas,
biodiversidade, temos conflitos sociais e
também prejudicamos o clima”, afirma
Rittl.
O relatório também
aponta como conseqüência do efeito
estufa o aumento de 0,7° C na temperatura
global nos últimos 100 anos, cujo principal
efeito mundial é o derretimento das
geleiras nos Pólos e aumento do nível
do oceano.
O objetivo do relatório,
segundo Rittl, é mostrar que o Brasil
também é um país vulnerável
e que um cenário pior poderá
acontecer se a população não
se conscientizar e se precaver.
O documento do Greenpeace
oferece sugestões para os governos,
as indústrias e os cidadãos
evitarem os efeitos das mudanças climáticas
no Brasil. Para a Ong, é possível
mudar padrões de produção
e consumo.
“Os indivíduos são
consumidores de energia, então nós
temos que ter responsabilidade no uso de energia,
temos que economizar energia na nossa casa,
temos que priorizar quando o transporte coletivo
for de qualidade e somos também consumidores
de produtos florestais, uma mesa ou armário
da nossa casa, a gente pode buscar informação
se aquela madeira que formou aquele móvel
ela teve origem ou não numa área
de floresta que foi destruída”, exemplifica.
Outra sugestão do
relatório é para que o país
utilize fontes limpas de energia, como a solar
e a eólica (dos ventos), que diminuam
a quantidade de emissões de gases poluentes.
“A gente não pode esquecer que o Brasil
está crescendo e que precisa de maior
geração de energia. A gente
tem que investir em fontes renováveis
de energia, que são ricas e abundantes
no Brasil, como a energia solar e a energia
eólica, que a gente investe ainda muito
pouco”.
Irene Lôbo