31/08/2006
- A produção nas lavouras de
soja pode ficar comprometida, caso os agricultores
insistam em usar sementes transgênicas
não certificadas na safra 2006/2007.
A queda hoje de 20% na produtividade, também
corre risco de ter um índice ainda
maior, pois está relacionada à
falta de certificação do material
genético utilizado. O alerta é
do pesquisador José Roberto Rodrigues
Peres, gerente geral da Embrapa Transferência
de Tecnologia (Brasília-DF), unidade
da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária,
vinculada ao Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA). O
tema vai pautar uma reunião na Expointer
2006, em Esteio, no Rio Grande do Sul, e Peres
defenderá a não edição
de uma nova Medida Provisória (MP)
liberando o cultivo deste tipo de insumo.
No debate com representantes
do setor e especialistas da Embrapa e MAPA,
nesta quinta-feira (31), no pavilhão
da agricultura familiar do Parque Assis Brasil,
o pesquisador demonstrará as desvantagens
que a reedição da MP acarretará
ao setor (veja quadro sobre a determinação
no ano passado), ao legalizar o plantio de
soja transgênica no atual ano agrícola.
Entre os pontos negativos do uso de material
sem certificação (e com origem
completamente desconhecida) o pesquisador
enumera a desestruturação do
negócio brasileiro, a redução
na produtividade, a degeneração
genética das cultivares e o conseqüente
enfraquecimento da indústria nacional
de sementes.
Segundo José Roberto
Peres, este ano a Embrapa e parceiras investiram
nada menos do que R$ 8 milhões na produção
de sementes certificadas. A Empresa fechou
1378 contratos para licenciar a produção
de material certificado. “Estes parceiros,
que incentivam programas de pesquisa com certeza
ficarão desestimulados para novos investimentos”,
avalia Peres.
O que diz a MP 223/04
No ano passado o Congresso
aprovou a Medida Provisória (MP) 223/04,
que liberou o plantio e a comercialização
da safra de soja transgênica de 2005.
A proposta isentava os plantadores de apresentarem
licenças ambientais e de fazerem o
Relatório de Impacto ao Meio Ambiente
(Rima), mas vedava a comercialização
dos grãos geneticamente modificados
da safra 2004.
Deva Rodrigues