29
Aug 2006 - Uma coalização de
ONGs ambientais lança hoje, terça-feira,
29/08, o relatório Virou fumaça:
impactos das mudanças climáticas
na América Latina e no Caribe. A publicação
é uma coletânea de casos concretos
e mostra que as mudanças climáticas
tornarão a vida das pessoas quase impossível
em regiões onde as temperaturas normalmente
são altíssimas ou baixíssimas.
O estudo está sendo lançado
simultaneamente na América do Sul e
no Reino Unido.
“Os impactos das mudanças
climáticas são percebidos em
toda a América Latina, desde secas
na Amazônia às inundações
no Haiti; do derretimento das geleiras na
Colômbia aos furacões, não
somente na América Central, mas também
no sul do Brasil”, afirma Denise Hamú,
Secretária-Geral do WWF-Brasil.
As conseqüências
das mudanças climáticas já
podem ser sentidas principalmente por quem
mora em regiões onde as temperaturas
normalmente são muito altas ou muito
baixas. Pesquisas recentes mostram que os
padrões de temperatura e chuvas, antes
previsíveis e regulares, estão
mudando, tornando-se menos previsíveis
e, freqüentemente, mais extremos. Isso
se reflete também no número
de furacões e tempestades tropicais
registrados ultimamente. Só no ano
passado, ocorreram no planeta 26 tempestades
tropicais e 14 furacões, a mais ativa
e destrutiva estação de furacões
já documentada na história.
Em março de 2004,
o Furacão Catarina surpreendeu a costa
sul do Brasil e deixou 33 mil pessoas desabrigadas.
As perdas econômicas para o país
foram de cerca de R$ 1 bilhão. “Apesar
da incerteza científica sobre o assunto,
existe um consenso forte de que o aquecimento
global, provavelmente, aumentará a
intensidade dos furacões”, afirma Carolina
Herrmann, da ONG Amigos da Terra.
As mudanças climáticas
são causadas, principalmente pela emissão
de gases causadores do efeito estufa, como
o gás carbônico (CO2). Segundo
o relatório Mudanças do Clima,
Mudanças de Vidas, do Greenpeace, o
Brasil hoje já é o quarto país
responsável pelas emissões mundiais
de todo o gás carbônico do planeta.
“Isso acontece por causa das queimadas decorridas
da conversão de florestas em pastos
e lavouras, principalmente no caso da soja
e da carne bovina, principais produtos de
exportação do país”,
afirma Carlos Ritll, do Greenpeace. “Por isso
é importante estabelecer metas de contenção
de desmatamento.”
Outra fonte importante de
emissão é a geração
de energia por meio de centrais movidas por
combustíveis fósseis, muito
utilizadas nos países desenvolvidos.
No Brasil, atualmente, 75% da energia gerada
vêm de hidrelétricas. Entretanto,
com os recentes leilões nacionais de
energia as termelétricas movidas a
gás têm ganhado espaço.
Se o Brasil optar por seguir o modelo energético
das nações industrializadas,
isso pode se tornar um problema para o clima
mundial.
Por causa dessa problemática,
o WWF-Brasil lança em setembro um estudo
que apresenta alternativas limpas e eficientes
para atender às demandas de energia
do país até 2020. “Ao adotar
uma ‘Agenda Elétrica Sustentável’,
o país não só evitará
enormes investimentos em infra-estrutura elétrica
como também mostrará ao mundo
que é possível crescer sem relacionar
desenvolvimento às emissões
de gases do efeito estufa”, revela Karen Suassuna,
técnica em mudanças climáticas
e energia do WWF-Brasil.