7
de Setembro de 2006 - Lana Cristina - Repórter
da Agência Brasil - Brasília
- Planejar o crescimento econômico do
país baseado numa lógica de
respeito ao meio ambiente. Essa é a
tônica de um documento que será
entregue aos candidatos a presidente por ambientalistas
de todo o país, que estiveram reunidos
nesta semana em Brasília no evento
“Brasil e Seus Rumos: as lógicas das
políticas públicas na perspectiva
socioambiental. As propostas foram divididas
em grandes temas como infra-estrutura, energia,
biocombustíveis, clima, biodiversidade,
agricultura, água, cidades, juventude
e rio São Francisco.
O diretor da organização
não-governamental Ecologia e Ação
(Ecoa), Alcides Faria, espera do próximo
governo políticas públicas que
tornem o país mais eficiente. “Seria
fundamental, se o Brasil quer ter uma inserção
internacional adequada, se quer produzir qualidade
de vida das pessoas e eliminar a pobreza,
que o país tivesse um plano de combate
ao desperdício. Nós temos que
construir um país eficiente, em todas
as áreas, na área de energia,
na área de agricultura, na área
de transporte”, sugeriu.
Para os ambientalistas,
a temática do desenvolvimento sustentado
sequer está presente no programa de
governo dos presidenciáveis. A coordenadora
da organização governamental
Amigos da Terra, Lúcia Ortiz, lamenta
a falta de propostas concretas de como promover
o crescimento buscando o bom uso das riquezas
naturais do país. “A gente ouve sempre
que é necessário aumentar e
manter o crescimento econômico, mas
isso sem dizer o que esse crescimento pode
significar em termos de qualidade de vida,
desenvolvimento humano para o país.
A gente não vê um projeto de
futuro diferenciado e sim uma ausência
de debate”, observou.
No evento, o desmatamento
foi um dos temas apontados pelos ambientalistas
como item fundamental na agenda dos candidatos
a presidente. Para eles, é preciso
propostas de políticas públicas
não só para conter o desmatamento,
mas também para evitar a abertura de
novas fronteiras agrícolas. Os ambientalistas
propõem investimentos na recuperação
de áreas degradadas para expansão
de projetos agropecuários. “Tanto no
Cerrado como na Amazônia, os estudos
existentes indicam que a gente pode ampliar
a produtividade agropecuária sem precisar
abrir novas áreas. Precisa aproveitar
as áreas degradadas e precisa recuperar
a vegetação nativa, para que
essa vegetação que gera riqueza
e meios de vida para o país inteiro
possa continuar gerando”, avaliou Adriana
Ramos, que integra o Conselho Diretor do Instituto
Socioambiental (ISA).
O evento teve a participação
de ambientalistas de entidades como o Greenpeace,
SOS Mata Atlância, ISA, Núcleo
Amigos da Terra, e Grupo de Trabalho Amazônico.
Eles pretendem entregar aos presidenciáveis
o documento com as propostas de políticas
públicas para o setor, dentro de, no
máximo, 10 dias. "A idéia
é ouvir o que os candidatos têm
em mente, elaborar perguntas e, depois, debater
o tema com eles", explicou Alcides Faria.