7
de Setembro de 2006 - Ivan Richard - Da Agência
Brasil - Brasília - Cerca de 200 índios
das etnias Tupinikim e Guarani derrubaram
cerca de três hectares de terra plantados
com eucaliptos, próximos ao viveiro
de mudas da empresa Aracruz Celulose, ao norte
do Espírito Santo.
A derrubada começou
ontem (6), como forma de cobrar da Fundação
Nacional do Índio (Funai) e do Ministério
da Justiça agilidade nos atos administrativos
para garantir a demarcação de
11.009 hectares atualmente ocupados pela empresa.
A região em disputa
fica no município de Aracruz (ES).
A empresa, maior produtora de celulose de
mundo, afirma ter comprado o terreno na década
de 60. A Funai não reconhece os documentos
e alega que, naquela época, a área
já estava identificada como território
indígena.
De acordo com o integrante
da Comissão de Caciques e Lideranças
Tipinikim-Guarani, Antonio Carvalho Guarani,
encerrou no dia 20 de agosto o prazo para
que a Funai entregasse ao ministro da Justiça,
Márcio Thomaz Bastos, o relatório
final com a conclusão de estudo que
comprova que a área pertence aos índios.
“As comunidades não
ficaram satisfeitas com essa informação
[de que a Funai não enviou os documentos
no prazo], então decidimos fazer esse
protesto contra a Funai e também o
ministro da Justiça, que até
agora não tomaram as providências",
disse, acrescentando que os indígenas
só vão parar com a derrubada
depois que a Funai estipular uma data para
entrega do relatório.
Em entrevista à Agência
Brasil, Guarani contou que os pés de
eucaliptos derrubados estão sendo deixados
no local. Ele ressaltou que, se a situação
não for resolvida logo, os índios
vão queimar a madeira.
“Eles precisam tomar as
providencias para acabar com os conflitos
em Aracruz. Não queremos continuar
com os conflitos, mas o governo não
está fazendo a sua parte [demarcando
as terras]”, acrescentou.
Em nota divulgada no dia
28 de agosto, a Aracruz afirmou que “está
empenhada em buscar uma solução
estável no relacionamento com as comunidades
indígenas”, desde que “tenha como premissa
a segurança jurídica”.
A Aracruz diz, ainda,
que confia em “uma decisão favorável”
do Ministério da Justiça, já
que a contestação que apresentou
“contém elementos suficientes para,
na visão da empresa, demonstrar que
não ocupa e nunca ocupou terras indígenas,
que nunca expulsou índios de suas terras
e que adquiriu suas terras de forma legal”.