Acervo
- 08/09/2006 - São mais de 250 mil
exemplares coletados em várias áreas
da região. A coleção
representa uma riqueza imensurável.
As extensas áreas
e a abundância de recursos naturais
na Amazônia permitem que a região
tenha uma ictiofauna (peixes) diversificada,
distribuída por centenas de igarapés,
lagos e rios. Fazer o levantamento de toda
essa riqueza é apenas um dos grandes
desafios enfrentados pelos pesquisadores,
mas, que aos poucos está sendo superado.
Então, como fazer para preservar essas
informações, e ao mesmo tempo,
levar a público esse conhecimento científico
imensurável? Isto é o que está
fazendo o Instituto Nacional de Pesquisas
da Amazônia (Inpa/MCT) por meio da Coleção
de Peixes.
A curadora da Coleção,
Lúcia Hellena Rapp Py-Daniel, doutora
em Ecologia e Biologia Evolutiva pela Universidade
do Arizona, cita alguns exemplos da importância
da coleção tanto nacional quanto
internacionalmente. Ela destaca que estão
reunidos no Instituto mais de 250 mil exemplares
de peixes oriundos das mais diferentes drenagens
e rios do sistema Solimões-Amazonas.
Deste número, 26 mil lotes já
se encontram registrados e informatizados
os quais estão identificados a nível
de espécie pelos pesquisadores do Inpa
ou especialistas de outras instituições.
Além disso, cerca
de 20 mil estão em processo de registro.
"A coleção detém
348 espécimes/tipos, pertencentes a
representantes da ictiofauna de água
doce da Amazônia", destaca. Ela
explica que espécime/tipo são
amostras padrão sobre as quais os especialistas
baseiam as descrições e os nomes
científicos das diferentes espécies
de organismos. Temos como exemplo o "tipo"
(holótipo) ou "tipos" (parátipos)
de jaraqui escama grossa, ou seja, esses exemplares
são o testemunho da descrição
da espécie e representam o indivíduo
que comumente é denominado jaraqui
escama grossa. Já com o material "tipo"
podemos confirmar se novos peixes coletados
pertencem a espécies conhecidas ou
não. Esta é, portanto, a porção
mais valiosa de um acervo científico.
Rapp destaca que a Coleção
teve início com a pós-graduação
da instituição e os primeiros
registros de material são de 1976,
coletado pela primeira turma de mestrado em
Biologia de Peixes no Inpa. Entretanto, boa
parte deste material, assim como peixes coletados
por projetos desenvolvidos na época,
foi enviado para o Museu de Zoologia da Universidade
de São Paulo ou para o Museu Paraense
Emílio Goeldi. Segundo ela, isso acontecia
porque no Inpa não havia ainda uma
proposta de organização desse
acervo, assim como não havia sistematas
em peixes (cientista responsável pela
identificação e classificação
das espécies).
A Coleção
do Inpa obteve reconhecimento internacional,
em 1985, por meio da publicação
da American Society of Ichthyology and Herpetology
(entidade americana especializada em ictiologia
e herpetologia, ou seja, ramo da biologia
que estuda os répteis e os anfíbios).
Esse fato, ao mesmo tempo, é relevante
e preocupante, pois segundo Lúcia Rapp,
demonstra que o reconhecimento internacional
vem primeiro do que o nacional, como, por
exemplo, Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha,
França e Holanda. Na época,
as instituições nacionais não
davam a mesma importância.
"O Inpa detém
a maior coleção de peixes da
Amazônia em material e áreas
amostradas. Caso alguém queira conhecer
a variedade de peixes da região, o
local certo é aqui. A variabilidade
e a variação morfológica
da nossa coleção não
é encontrada em nenhum outro lugar
do Brasil. Todavia, em número de exemplares,
o Museu de Zoologia de São Paulo supera
o do Inpa, pois é mais antigo, mas,
aos poucos, está sendo superado. Nós
estamos nos aproximando em relação
a quantidade de amostras. Isso se deve porque
nós temos mais oportunidade para fazer
coletas de campo", enfatiza.
Luís Mansuêto - Assessoria de
Comunicação do INPA