Recife
(05/09/06) - A primeira capital da cultura,
Olinda, recebeu um visitante inusitado no
último sábado (2). Um filhote
de baleia jubarte (Megaptera novaeangliae)
encalhou com vida por volta das 6h30 da manhã,
nas proximidades da praia de Bairro Novo.
O animal debateu-se nas pedras do dique por
cerca de duas horas, segundo relato de moradores
da comunidade.
Por esse motivo o filhote
apresentou algumas escoriações
leves pelo corpo. Técnicos da Fundação
Mamíferos Aquáticos e do Centro
Mamíferos Aquáticos do Ibama
(CMA) foram até o local, mas a baleia
já havia sido reintroduzida pelo corpo
de bombeiros, com a ajuda de populares e de
um bote inflável, que levou o animal
até cerca de dois quilômetros
da costa. “Esse fato pode influenciar em sucesso
na reintrodução” explica a veterinária
da Fundação Mamíferos
Aquáticos, Fernanda Niemeyer, que atendeu
a ocorrência.
De acordo com o Protocolo de Conduta para
Encalhes de Mamíferos Aquáticos,
editado pela Rede de Encalhes de Mamíferos
Aquáticos do Nordeste (Remane) é
indicado a reintrodução o quanto
antes, pois possibilitará uma maior
perspectiva de bem sucedido na espécie
ao mar. “Seguindo as recomendações
do Protocolo da Remane, a área do encalhe
está sendo monitorada nas próximas
semanas, pois mesmo com a grande probabilidade
de sucesso na reintrodução,
ainda corre-se o risco do animal voltar vivo
ou morto em regiões próximas
ao local do primeiro encalhe”, explica Niemeyer.
Ela lembra um caso parecido
que aconteceu no inicio de maio deste ano,
quando um filhote recém nascido de
cachalote encalhou vivo na praia de Cabedelo
(PB) e foi reintroduzido imediatamente fora
da linha de maré, como neste caso,
e o animal conseguiu reencontrar o seu grupo
de origem.Caso com menos sucesso, aconteceu
no dia 25 de julho quando uma outra jubarte
encalhou em Alagoas, foi reintroduzida e apareceu
morta três dias depois na mesma praia.
Megaptera novaeangliae -
conhecidas como baleia Jubarte, são
animais migratórios - característica
da maioria das grandes baleias - presente
em todos os oceanos, das regiões polares
às baixas latitudes. No Brasil, são
avistadas com maior freqüência
em águas rasas da plataforma continental.
Esses animais vivem tanto em alto mar, como
perto das costas, em águas profundas
e em baías mais rasas.
O litoral nordestino é
uma área de grande importância,
pois é local eleito pela espécie
na época de reprodução,
principalmente o Banco de Abrolhos sendo este
provavelmente o mais significativo local de
reprodução no Atlântico
Sul. Durante este período de reprodução
é comum o encalhe desta espécie
no litoral nordestino. De acordo com a lista
vermelha da IUCN, a baleia jubarte é
considerada vulnerável à extinção,
ou seja, possui alto risco de extinção
na natureza a médio prazo. Existe hoje
uma estimativa de 12 mil indivíduos
no hemisfério sul.
Luís Boaventura
Centro de Mamíferos Aquáticos
(CMA)