08/09/2006 - O Ministério do Meio
Ambiente promove nesta segunda-feira (11),
em Brasília, várias atividades
para comemorar o Dia Nacional do Cerrado (11
de setembro). Como parte da programação,
estão previstas exposições
fotográfica e de produtos sustentáveis
do bioma, degustação de produtos
do Cerrado, lançamento do Zoneamento
Ecológico-Econômico da Região
Integrada de Desenvolvimento do Entorno do
Distrito Federal (Ride-DF). A solenidade será
aberta às 9h30, pela ministra do Meio
Ambiente, Marina Silva, no auditório
Guimarães Rosa, do Ministério
da Cultura, Esplanada dos Ministérios.
Principal área de expansão
da agricultura, o Cerrado é o segundo
maior bioma brasileiro e um dos mais ameaçados.
Está localizado em uma grande área
do Brasil Central. Com cerca de 2 milhões
de km², se estende em área contínua
por 11 estados brasileiros: Bahia, Distrito
Federal, Goiás, Maranhão, Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais,
Paraná, Piauí, São Paulo
e Tocantins. Para promover ações
relacionadas à conservação,
à restauração, à
recuperação e ao manejo sustentável
de ecossistemas do bioma Cerrado, bem como
a valorização e o reconhecimento
de suas populações tradicionais,
o Ministério do Meio Ambiente criou
em 2005 o Programa Cerrado Sustentável
e instituiu a Comissão Nacional do
Programa Cerrado Sustentável (Conacer).
Formada por sete ministérios e diversas
entidades da sociedade civil e acadêmica,
a Conacer tem como objetivo auxiliar na elaboração
e implementação de políticas
públicas para o bioma. Como importante
contribuição, a comissão
agilizou os debates para aprovação
do Projeto de Emenda Constitucional (PEC)
115, que eleva o Cerrado e a Caatinga à
condição de Patrimônio
Nacional. A proposta ainda aguarda apreciação
do plenário da Casa. Atualmente se
enquadram nesse status de reconhecimento o
Pantanal, Floresta Amazônica, Mata Atlântica
e Serra do Mar.
Um dos elementos-chave para a implementação
do Programa Cerrado Sustentável, o
Projeto GEF Cerrado Sustentável já
tem aprovados recursos de US$ 13 milhões
com contrapartida nacional de US$ 26 milhões,
totalizando U$ 39 milhões. Os recursos
serão aplicados em ações
de uso sustentável, criação
e implementação de unidades
de conservação de proteção
integral no bioma, apoio à comercialização
de produtos do Cerrado e no fortalecimento
de suas comunidades tradicionais. A valorização
da cultura regional voltada para a conservação
das riquezas ambientais e sociais, para o
uso sustentável de sua diversidade
biológica, constitui uma das principais
estratégias do Programa Cerrado Sustentável.
O objetivo é aumentar a conservação
da biodiversidade e melhorar a promoção
do manejo dos recursos naturais e do meio
ambiente do bioma.
Para o secretário-executivo da Conacer,
Mauro Pires, o esforço para preservar
o Cerrado não é à toa.
A continuar o atual ritmo de devastação,
o bioma pode desaparecer até 2030,
de acordo com estudos recentes. Mauro Pires
lembra que, com o Cerrado, desapareceriam
também não só milhares
de espécies, mas, ainda, 14% da capacidade
hídrica brasileira. O Cerrado é
considerado a grande "caixa d'água"
da América do Sul, com nascentes e
cursos de água que escoam para as bacias
dos rios Amazonas, Tocantins, Parnaíba,
São Francisco, Paraná e Paraguai.
Embora sua importância e o fato de ser
o segundo maior bioma brasileiro, está
na lista dos chamados hotspots mundiais, áreas
ricas, mas muito ameaçadas.
O bioma é formado por uma grande variedade
de ambientes que abrigam enorme diversidade
de plantas e animais, muitos dos quais endêmicos
da região. Estima-se que na região
existam mais de 10 mil espécies vegetais,
uma grande variedade de vertebrados terrestres
e aquáticos e um elevado número
de invertebrados. Espécies ameaçadas
como a onça- pintada, o tatu-canastra,
o lobo-guará, a águia-cinzenta
e o cachorro-do-mato-vinagre, entre muitas
outras, ainda têm populações
significativas no Cerrado.
Além dos aspectos ambientais, o Cerrado
tem grande importância social. Muitas
populações sobrevivem dele,
incluindo etnias indígenas e comunidades
quilombolas, que fazem parte do patrimônio
histórico e cultural brasileiro. Essas
comunidades exploram os recursos naturais
do bioma e detêm um conhecimento tradicional
da biodiversidade.
Gerusa Barbosa
Foto: MMA