5
de Setembro de 2006 - Cecília Jorge
- Repórter da Agência Brasil
- Brasília - A Polícia Federal
deu início, na madrugada de hoje (5),
à Operação Daniel para
cumprir 58 mandados de prisão temporária
contra supostos envolvidos em uma quadrilha
que atuava no comércio ilegal de madeira
em Rondônia e Mato Grosso. Segundo o
chefe da Divisão de Crimes Ambientais
da PF, Jorge Pontes, pelo menos 34 pessoas
já foram presas até o momento.
Entre os suspeitos com prisão
temporária decretada, sete são
funcionários do Instituto Brasileiro
de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) e três, da Polícia Rodoviária
Federal (PRF). Também estão
com mandados expedidos o coordenador técnico
da Secretaria de Desenvolvimento Ambiental
de Rondônia (Sedam-RO) e ex-superintendente
do Ibama no estado, Erismar Moreira da Silva,
a advogada Flávia Ronchi da Silva,
quatro contadores e 42 empresários
e lobistas da região.
De acordo com Pontes, o
grupo agia há pelo menos cinco anos
em 10 municípios de Rondônia
e em dois do Mato Grosso. A madeira era retirada
principalmente de unidades de conservação
e os prejuízos ambiental e financeiro
ainda não foram estimados. Os empresários
adquiriam ilegalmente o documento que autoriza
o transporte da madeira (Autorizações
de Transporte de Produtos Florestais - ATPFs)
para ser usado nos municípios de Ji-Paraná,
São Francisco do Guaporé e Costa
Marques.
A operação,
realizada em parceria com o Ibama, envolve
cerca de 250 policiais federais, além
de servidores do instituto. Também
serão cumpridos 63 mandados de busca
e apreensão.
A investigação
começou em fevereiro de 2006, depois
da denúncia de um servidor do Ibama
de que estava sofrendo pressão de empresários
para liberar ilegalmente as ATPFs. O nome
da operação é uma referência
à expressão “Daniel na cova
dos leões”, referência ao profeta
Daniel, que foi jogado em uma cova para ser
devorado por leões famintos e saiu
ileso.
O funcionário, que
não teve sua identidade revelada por
motivos de segurança, passou a atuar
como “agente colaborador” e negociava com
a quadrilha. Com autorização
judicial, a PF gravou vídeos e conversas
telefônicas em que os empresários
ofereciam propina ao servidor. Pelo serviço,
os empresários ofereciam R$ 2 mil por
ATPF retirada do Ibama e R$ 5 mil por semana
para a liberação do documento
para as empresas “fantasmas”. Durante a investigação,
o funcionário recebeu um total de R$
21.510, que foram apreendidos pela PF.
De acordo com a ministra
do Meio Ambiente, Marina Silva, os funcionários
presos serão afastados e passarão
por processos administrativos que podem resultar
em demissão, caso a suspeita seja comprovada.
Entre as ações para combater
a corrupção no órgão,
a ministra citou a contratação
de 1.400 funcionários.
“Essas pessoas vêm
motivadas, cheias de idealismo e aqueles servidores
que há décadas faziam corrupção
dentro do sistema são denunciados por
essas pessoas”, ressaltou. As operações
realizadas nos últimos três anos
resultaram na demissão de 24 servidores.
Esta é a 13ª operação
conjunta do Ibama e da Polícia Federal
desde 2003. Incluindo a ação
desta terça-feira, essas operações
resultaram na prisão de 415 pessoas,
sendo 100 servidores do Ibama, 19 servidores
públicos de outras instituições
e 296 empresários, lobistas, advogados
e contadores.
Delegado suspeita
que crime ambiental em Rondônia tem
participação do poder público
local
5 de Setembro de 2006 -
Thiago Brandão - Repórter da
Agência Brasil - Brasília - O
grupo desarticulado hoje (5) pela Operação
Daniel pode ter corrompido servidores de outros
órgãos governamentais, além
dos que foram presos pela manhã por
irregularidades no Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) e na Polícia Rodoviária
Federal. A informação é
do delegado Jorge Pontes, chefe da Divisão
de Repressão aos Crimes contra o Meio
Ambiente da Polícia Federal.
Como os acusados atuam na
região de Rondônia e Mato Grosso
há aproximadamente cinco anos, o grupo
pode ter se infiltrado na estrutura do poder
público, acredita o delegado. “Com
a operação, poderemos avaliar
melhor a extensão dos crimes cometidos.
O material apreendido e os depoimentos dos
presos poderão demonstrar o envolvimento
de servidores de outros órgãos
estatais”.
A Operação
Daniel, desencadeada hoje pelo Ibama e pela
Polícia Federal, já prendeu
34 pessoas envolvidas na extração
e transporte irregular de madeira em Rondônia.
Os presos são acusados de formação
de quadrilha, crime ambiental, concussão,
corrupção ativa e passiva e
violação de sigilo funcional.