Além
de informações sobre os Corredores
de Biodiversidade da Serra do Mar e Central,
o site traz agora conteúdo completo
sobre a conservação da Mata
Atlântica em quatro estados do nordeste
brasileiro.
Belo Horizonte, 11 de setembro
de 2006 — Mais quatro estados brasileiros
– Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio
Grande do Norte – passam a ter informações
sobre a conservação da biodiversidade
disponíveis no portal www.corredores.org.br
com a inserção do Corredor de
Biodiversidade do Nordeste. O site, um projeto
da Aliança para a Conservação
da Mata Atlântica (parceria entre as
ONGs Conservação Internacional
e Fundação SOS Mata Atlântica),
já possui dados, notícias e
articulações para os Corredores
de Biodiversidade Central e da Serra do Mar,
todos em áreas do bioma Mata Atlântica.
Alguns dos disputados destinos
turísticos do Nordeste, como Porto
de Galinhas, a Praia de Pipa ou da Barra de
São Miguel estão localizados
no Corredor de Biodiversidade do Nordeste.
Ele possui 5,6 milhões de hectares,
com uma área de vegetação
remanescente correspondente a 2.124,12 km2
de florestas, o que equivale a 3,76% da vegetação
original. “Resta muito pouco de Mata Atlântica
no Nordeste”, lembra Érika Guimarães,
coordenadora da Aliança para a Conservação
da Mata Atlântica. “Os fragmentos florestais
desta região são pequenos, mas
de grande riqueza, por isso é primordial
promover um trabalho conjunto visando à
efetiva formação deste Corredor”.
Há no Corredor de
Biodiversidade do Nordeste 107 Unidades de
Conservação (UCs) de diferentes
tipos de usos que protegem mais de 1 milhão
de hectares de remanescentes ou ecossistemas
associados à Mata Atlântica.
Entre as principais UCs dessa região
estão a Estação Ecológica
de Murici; as Reserva Biológicas (REBIO)
Saltinho, Guaribas e Pedra Talhada e a Reserva
Particular do Patrimônio Natural (RPPN)
Frei Caneca. Estas cinco áreas protegem
pelo menos 24 espécies de aves e outras
dezenas de plantas e animais endêmicos,
isto é, que só ocorrem ali.
Embora bastante descaracterizada,
a Mata Atlântica do Corredor de Biodiversidade
do Nordeste abriga quase 68% de todas as espécies
e subespécies de aves que ocorrem nessa
floresta e cerca de 8% da flora de plantas
vasculares. Já foram identificadas
32 espécies de abelhas euglossini;
400 briófitas; 350 pteridófitas;
86 bromélias; 484 espécies e
subespécies de aves; 124 mamíferos;
185 borboletas; 96 répteis e anfíbios
e 1500 plantas vasculares. “Iniciativas como
a criação de Reservas Particulares
do Patrimônio Natural são de
extrema importância para a conservação
da região já que a maior parte
dos remanescentes de florestas deste corredor
encontra-se em propriedades particulares”,
observa Érika.
Várias espécies
têm sido descritas nos últimos
anos para a região. É o caso
do caburé-de-pernambuco (Glaucidium
mooreorum), das bromélias (Aechmea
gustavoi e Neoregelia pernambucana), os anfíbios
(Hyla freicanecae e H. studerae) e duas plantas
Sinningia nordestina e Scleria pernambucana.
As espécies-bandeira do Corredor de
Biodiversidade do Nordeste são o Mutum-de-alagoas
(Mitu mitu – Cracidae – Aves), o Pintor-verdadeiro
(Tangara fastuosa – Thraupidae – Aves) e o
Pau-brasil (Caesalpinia echinata - Leguminosae
- Caesalpinioideae).
A alta taxa de endemismo
também proporciona um elevado percentual
de espécies ameaçadas. Só
entre as aves são 41 espécies/subespécies
incluídas em alguma categoria de ameaça
da nova lista de animais ameaçados
do Brasil.
Site e Corredores
O corredor de biodiversidade
é um novo conceito de conservação
do meio ambiente, que delimita uma área
de grande diversidade biológica e propõe
a atuação com uma abordagem
de planejamento regional. O objetivo é
integrar áreas com diferentes formas
de uso e ocupação, como parques
e reservas, áreas de cultivos e pastagens,
centros urbanos e atividades industriais,
estimulando atividades antrópicas menos
impactantes e possibilitando a conexão
desses fragmentos florestais. Desta forma,
assegura a sobrevivência das espécies,
o equilíbrio dos ecossistemas e o bem-estar
humano.
Lançado em 2005,
o portal www.corredores.org.br visa disseminar
informações, fomentar o debate
e incentivar a participação
de instituições ambientalistas,
cientistas e da sociedade em geral nas decisões
ambientais da região. Assim, reúne
todo tipo de informação sobre
os corredores, desde dados biológicos,
mapas, passando pelas organizações
atuantes na região, eventos, leis e
programas de governo, até as redes
de articulação existentes em
torno do tema. É uma ferramenta interativa
e de administração descentralizada,
de forma a que todos os interessados possam
compartilhar dados e conhecimento por meio
da inserção, acesso e/ou sugestão
de notícias, artigos, eventos, materiais
institucionais, vídeos, livros, mapas,
campanhas, dentre outros.
O portal dos Corredores
de Biodiversidade da Mata Atlântica
foi financiado pelo Fundo de Parceria para
Ecossistemas Críticos (CEPF), uma parceria
entre Conservação Internacional,
Global Environment Facility, governo do Japão,
Fundação John D. and Catherine
T. MacArthur e Banco Mundial, em favor dos
Hotspots, as áreas mais ricas e ameaçadas
do planeta.