15/09/2006
- A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa), vinculada ao Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento,
está estudando a transformação
de resíduos de abatedouros em biodiesel.
A proposta é aproveitar a gordura de
suínos e aves, hoje encaminhada principalmente
a empresas que produzem farinha para ração
animal, para gerar combustível destinado
ao aquecimento de sistemas das duas produções.
“Nossa preocupação
é contribuir para a sustentabilidade
da cadeia produtiva. Por isso, propomos que
o biodiesel extraído da gordura animal
seja aproveitado para diminuir o custo de
produção dos produtores e agroindústrias”,
explica a pesquisadora Martha Higarashi.
O projeto que transformará
gordura animal em biodiesel é liderado
pelo pesquisador Paulo Abreu e tem a participação,
dos pesquisadores Martha Higarashi, Cláudio
Bellaver, Anildo Cunha Júnior, Airton
Kunz, Valéria Abreu, Paulo Armando
de Oliveira e Arlei Coldebella, todos da Embrapa
Suínos e Aves. Uma proposta da empresa
está sendo analisada pela Fundação
de Amparo à Ciência e Tecnologia
de Santa Catarina (Fapesc) para financiamento.
A intenção
da Embrapa é disponibilizar nos próximos
anos uma metodologia para a geração
de biodiesel a partir da gordura animal proveniente
de resíduos de abatedouros. Também
será disponibilizado um modelo, com
a sugestão de equipamentos, para transformar
o biodiesel em fonte de aquecimento nas instalações
usadas para a criação de suínos
e aves.
A busca por combustíveis
alternativos ao petróleo se transformou
em objetivo comum de centros de pesquisa em
todo o mundo nos últimos anos. O Brasil
é um dos países com mais resultados
nesta área e utiliza há décadas
o álcool combustível em automóveis.
O biodiesel, nome genérico dado a combustíveis
e aditivos derivados de fontes renováveis,
como óleos vegetais e gorduras animais,
é uma aposta para o futuro em duas
direções.
Uma delas, visa minimizar
o impacto da redução na oferta
do petróleo sobre a economia. A segunda
é ambiental, já que o biodiesel
é bem menos poluente. Por enquanto,
o uso do biodiesel é opcional. Mas
no futuro, passará a ser obrigatório.
A partir de janeiro de 2008, todo o diesel
comercializado no Brasil deverá conter
2% de biodiesel.
O percentual subirá
para 5% em 2013. Apenas com a mistura de 2%,
a demanda anual será de 800 mil toneladas
de biodiesel. Hoje, a produção
brasileira chega a apenas 20 mil toneladas.
É com este mercado promissor e com
a demanda por novas tecnologias que a Embrapa
pretende contribuir. “Como existe o risco
de restrições quanto ao uso
da gordura animal no fabrico de ração,
a produção de biodiesel passa
a ser uma alternativa viável para dar
um destino correto a este resíduo”,
afirma Martha Higarashi.