14
de Setembro de 2006 - Juliane Sacerdote -
Da Agência Brasil - Brasília
- O estado do Acre possui uma grande reserva
de bambu, mas o potencial da região
ainda não é aproveitado, apontou
o professor Jaime Gonçalves de Almeida,
da Universidade de Brasília (UnB),
durante seminário promovido desde ontem
(13) pela instituição para discutir
a criação de uma Rede de Pesquisa
e Desenvolvimento sobre a planta.
O bambu, segundo ele, não
necessita de solo fértil nem de muitos
cuidados: pode nascer até no fundo
do quintal e em apenas três anos está
pronto para o corte. O professor e pesquisador
informou ainda que o Brasil possui mais de
240 espécies da planta. E que o estado
do Acre concentra a maior floresta de bambu
do país, mas ainda não é
explorado efetivamente.
Jaime Gonçalves de
Almeida é coordenador do projeto Canteiro
Oficina de Arquitetura (Cantoar), da Faculdade
de Arquitetura da UnB, que desenvolve construções
e instalações feitas a partir
das fibras naturais do bambu. "Os encaixes
são feitos com amarrações
e parafusos – serrotes aparecem apenas na
hora de cortar", informou.
Em 2003, acrescentou, um
grupo de moradores do seringal de Ucuriã,
no município acreano de Assis Brasil,
veio a Brasília para aprender a construir
móveis e outros objetos com a fibra
do bambu, em curso realizado por meio de convênio
entre a UnB e o Ibama (Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
"A experiência não foi levada
adiante na época, infelizmente. A criação
da Rede poderá ajudar a retomada desse
projeto", lembrou.
Ainda de acordo com Almeida,
existem experiências bem sucedidas,
como a da cidade de Coelho Neto, no Maranhão,
onde uma fábrica exporta toda a produção
de papel feito a partir das fibras do bambu.
Na região, a planta é cultivada
em mais de 40 mil hectares, pela própria
fábrica.
O professor citou também
a fabricação de móveis
no Paraná, onde empresas trabalham
com laminados feitos com fibras do bambu:
“É a chamada madeira ecológica,
mas ainda em escala pequena e não de
forma industrial, como é o caso da
empresa de papel maranhese, que é o
exemplo mais evidente de uso sustentado do
bambu".
O Seminário Nacional
de Estrutura da Rede de Pesquisa e Desenvolvimento
do Bambu termina amanhã (15).