14/09/2006
- Economia de R$ 33 bilhões para os
consumidores, diminuição no
desperdício de energia de até
38% da expectativa de demanda, geração
de 8 milhões de empregos, estabilização
nas emissões dos gases causadores do
efeito estufa e afastar os riscos de novos
apagões são os principais benefícios
do estudo realizado pelo WWF-Brasil, apresentado
nesta quinta-feira, no hotel Blue Tree, em
Brasília. O relatório, intitulado
Agenda Elétrica Sustentável
2020, foi desenvolvido por uma equipe de especialistas
da Unicamp e balizado por uma coalizão
de associações de produtores
e comerciantes de energias limpas, grupos
ambientais e de consumidores e traça
dois cenários elétricos para
o país de 2004 a 2020.
Ambos assumem as mesmas
hipóteses de crescimento e condições
socioeconômicas da população.
O cenário Tendencial segue os moldes
adotados atualmente, mantendo o nível
de desperdício de energia e o limitado
papel das fontes não convencionais.
Já o cenário Elétrico
Sustentável apresenta políticas
de planejamento mais agressivas, maior eficiência
na geração e na transmissão
de energia, racionalidade no consumo e maior
utilização de fontes não
convencionais para a produção
de eletricidade. “O Brasil é referência
hoje nas negociações internacionais
sobre energias renováveis e mudanças
do clima e temos que garantir que esse papel
continue sendo exercido pelo país no
futuro”, explica Denise Hamú, Secretária-Geral
do WWF-Brasil. “Entretanto, se as decisões
tomadas sobre o setor elétrico forem
equivocadas, podem colocar o Brasil na contramão
de acordos e esforços globais, tais
como o Protocolo de Quioto”, completa.
A aplicação
do cenário Elétrico Sustentável
no Brasil resultará na economia de
R$ 33 bilhões para os consumidores
até o ano de 2020, o que equivale a
2,5 vezes o orçamento do Programa Fome
Zero do governo federal para 2006 ou ao PIB
de 2005 da Bolívia e do Paraguai juntos.
A redução do desperdício
de energia elétrica promovida pela
adoção desse cenário,
propiciará a diminuição
da expectativa de demanda de energia elétrica
em até 38%. Em termos práticos,
isso corresponde à geração
de 60 usinas nucleares de Angra III, ou 14
hidrelétricas de Belo Monte ou 6 hidrelétricas
de Itaipu, ou seja, essas usinas não
precisariam ser construídas. “Consumir
energia de modo mais eficiente custa menos
para o consumidor e para a sociedade do que
construir nova usinas hidrelétricas
o termelétricas a gás e a carvão.
O Brasil fez um grande esforço de conservação
energética na época da crise,
mais já esquecemos aquelas boas lições”,
afirma Gilberto Januzzi, professor da Unicamp
responsável pelo desenvolvimento do
estudo.
Haverá ainda redução
de sete vezes da área inundada planejada
para a construção de reservatórios
de hidrelétricas, o que diminuirá
os impactos sobre as populações
tradicionais e a biodiversidade nacional.
A geração de 20% da demanda
esperada de eletricidade em 2020 por fontes
renováveis, como biomassa, eólica,
solar e pequenas hidrelétricas irá
gerar 8 milhões de novos postos de
trabalho. “O cenário Elétrico
Sustentável é uma proposta positiva
para afastar de vez o fantasma do apagão
e minimizar os conflitos socioambientais na
evolução da matriz elétrica
brasileira de forma barata e inteligente e
ainda dar um bom exemplo para as nações
desenvolvidas”, lembra Leonardo Lacerda, Superintendente
de Conservação do WWF-Brasil.
Com a adoção
do cenário Elétrico Sustentável,
em 2020, estará garantida a estabilização
das emissões de dióxido de carbono
e de óxido de nitrogênio, principais
gases causadores do efeito estufa, em um patamar
próximo ao de 2004. O cenário
Elétrico Sustentável poderia
reduzir 413 milhões de toneladas de
CO2 acumuladas durante o período 2004-2020.
Para se ter uma idéia, em 25 anos,
o Programa Proálcool evitou a emissão
de 403 milhões de toneladas de CO2.
“No mercado internacional de carbono, as vendas
desses 413 milhões de toneladas poderiam
gerar uma receita acumulada de R$ 4,5 bilhões.
Este é o tipo de proposta que o Brasil
precisa para aproveitar o mercado de carbono
e contribuir com os esforços globais
no combate às mudanças do clima”,
contextualiza Giulio Volpi, Coordenador do
Programa de Mudanças Climáticas
para América Latina e Caribe da rede
WWF.
Entretanto, para que a Agenda
Elétrica Sustentável se concretize
é necessário que um conjunto
de recomendações de políticas
públicas seja adotado e implementado
pelo governo e por diversos setores da sociedade.
Dentre elas, é possível destacar
a implantação de um plano nacional
de eficiência energética com
metas quantificadas e o lançamento
da segunda fase do Programa de Incentivo às
Fontes Alternativas de Energia Elétrica
(Proinfa II).
O estudo organizado pelo
WWF-Brasil e parceiros faz parte de uma iniciativa
internacional da rede WWF para reduzir a dependência
de carbono da matriz energética de
vários países do mundo. Ao todo,
16 países como vários da União
Européia, China e Índia fazem
parte do esforço da rede neste momento.
Parceiros do WWF-Brasil:
Associação Brasileira de Empresas
de Serviços de Conservação
de Energia (ABESCO)
Associação Brasileira de Refrigeração,
Ar Condicionado, Ventilação
e Aquecimento (ABRAVA)
União da Agroindústria Canavieira
de São Paulo (UNICA)
Associação Paulista de Cogeração
de Energia (COGEN)
Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos
Sociais para o Meio Ambiente (FBOMS)
Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC)
Instituto Nacional de Eficiência Energética
(INEE)
Centro Brasileiro de Energia Eólica
(CBEE)
Embaixada Britânica