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GOVERNO E SOCIEDADE VÃO REVER REGRAS DA PESCA NA BACIA AMAZÔNICA

Panorama Ambiental
Brasília (DF) – Brasil
Setembro de 2006

19 de Setembro de 2006 - Thaís Brianezi - Repórter da Agência Brasil - Manaus - Os 24 membros do Comitê de Gestão dos Recursos Pesqueiros da Bacia Amazônica estão reunidos pela primeira vez em Manaus para planejar o grande desafio que terão pela frente: rever o ordenamento da pesca na maior rede hidrográfica do planeta.

“Este é o primeiro comitê gestor de recursos pesqueiros de uma bacia no Brasil”, disse hoje (19) à Radiobrás o ordenador geral de Gestão de Recursos Pesqueiros do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), José Dias Neto.

O presidente da Federação dos Pescadores do Estado de Rondônia (Fepero), Valter Neves, espera que o comitê discuta a liberação da caça do jacaré, nos caso de superpopulação da espécie. “No lago do Cuniã, temos muitos jacarés, que estão atrapalhando a pesca, mas as leis ambientais não nos deixam matá-los”, lamentou.

Já o representante do Núcleo de Pesca da Superintendência do Ibama no Amapá, Geraldo Pinto, está preocupado com as espécies de peixe não protegidas pela legislação. “Não há período de defeso [proibição da pesca durante a época de reprodução – piracema], nem tamanho mínimo para captura da dourada, do filhote, da pescada branca e do camarão regional”, exemplificou.

O analista ambiental do Ibama em Santarém (PA), Marcelo Eickoff, denunciou a falta controle sobre a captura e comercialização de peixes ornamentais. “As espécies ornamentais são capturadas em Santarém, Marabá e Itaituba e seguem – por aviões fretados ou pelos Correios – para Recife, Fortaleza e São Paulo”, afirmou.

Melhorar a distribuição do seguro-defeso - salário mínimo distribuído aos pescadores no período de proibição da pesca - é a uma demanda da representante da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (Seap) no Amazonas, Hévea Maciel, e do analista ambiental do Ibama no Pará, Antônio Melo. “Há 27 mil pescadores cadastrados no Registro Geral de Pesca, no Amazonas [o cadastro é condição para o recebimento do seguro-defeso], disse Maciel. Segundo ele, estima-se que, no Pará, existam 176 mil pescadores. "Apenas 70 mil recebem o seguro defeso.”

O Comitê de Gestão dos Recursos Pesqueiros da Bacia Amazônica foi instituído no último dia 12, por meio da Portaria nº 67, assinada pelo presidente do Ibama. “A Bacia do São Francisco também terá seu comitê. A portaria dele está em fase final de elaboração”, informou Dias Neto. “Na área marinha, já temos o Comitê de Gestão do Uso Sustentável da Lagosta, criado em 2004, e o Comitê de Gestão do Uso Sustentável da Sardinha, criado em 2001”.

Dias Neto esclareceu que o comitê é consultivo – ou seja, suas decisões servem como baliza para ações governamentais, mas o Executivo não tem obrigação legal de segui-las. “Tornar o comitê deliberativo criaria a ilusão de que tudo que for discutido aqui será implementado, mas isso nem sempre é possível”, justificou.

A primeira reunião do comitê – para preparação do plano de trabalho até o fim do ano – vai até quinta-feira (21). Participam do comitê 12 representantes do governo federal e 12 da sociedade civil, entre os quais os ministérios do Meio Ambiente; das Relações Exteriores; do Trabalho e da Agricultura; da Seap e do Ibama; do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia; da Agência Nacional de Águas; do Comando da Marinha; da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais; do Conselho Pastoral da Pesca; do Movimento Nacional dos Pescadores; de federações e entidades representativas de pescadores de vários estados.

A Bacia Amazônica tem 6,11 milhões de quilômetros quadrados. Eles se dividem entre o Brasil (63%); o Peru (11%); a Bolívia (5,8%); o Equador (2,2%); a Venezuela (0,7%) e a Guiana (0,28%).

Seminário evidencia possibilidades e obstáculos para a criação de peixes no Norte

21 de Setembro de 2006 - Thaís Brianezi - Repórter da Agência Brasil - Manaus - A região Norte, onde está localizada a maior rede hidrográfica do planeta, é a que menos contribui para a criação de peixes no Brasil (responde por apenas 9% da produção nacional). O dado foi lembrado hoje (21) pelo secretário executivo de Pesca e Aqüicultura da Secretaria Estadual de Produção Rural do Amazonas, Geraldo Benardino, durante o segundo e último dia do 1º Seminário de Arranjos Produtivos Locais e Desenvolvimento Regional.

O Brasil produz por ano cerca de 1 milhão de toneladas de pescado, das quais 300 mil quilogramas vêm de criações. Entre 1995 e 2004, a produção de peixes no país subiu 32% – mas a produtividade da pesca só aumentou 1% nesse período, enquanto que a da piscicultura cresceu 1000% (sete vezes e meia).

O pesquisador Roger Crescêncio, da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa) Amazônia Ocidental, apresentou como inviável, até aqui, o projeto de criação de tambaquis em tanques-rede (que ficam submersos em rios ou lagos). “Criando 50 peixes por metro cúbico [limite considerado ideal], o lucro por quilograma seria de apenas dois centavos”, disse Crescêncio. “Se criar menos de 50, a pessoa terá prejuízo”, completou. Como possíveis explicações para a difusão dessa escolha, ele citou o custo inicial baixo (em relação ao de tanques escavados e barragens) e aproveitamento dos corpos de água corrente.

Os resultados da experiência da produção de matrinxãs em canais de igarapés em Manaus foram mais animadores. O pesquisador Jorge Daniel Fim, coordenador da iniciativa, conjugada à reforma agrária e desenvolvida pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) no Projeto de Assentamento Tarumã Mirim, relatou: “Produzindo de 800 a mil quilos de peixe por ano, a pessoa pode acrescentar à renda familiar em torno de R$ 150 por mês, além de suprir a necessidade de alimentação para a família toda”. Ele explicou que o objetivo principal era a produção para subsistência. “Antes os assentados estavam passando fome.”

De acordo com dados divulgados pela Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia do Amazonas, organizadora do seminário, o peixe representa 70% da proteína consumida pela população da Amazônia. O consumo per capita na região é de 155 gramas de peixe por dia, enquanto que a média nacional é de apenas 16 gramas diárias. “Os consumidores dos outros estados têm resistência ao peixe amazônico porque ele é gorduroso. Eles não sabem que é uma gordura saudável, nutritiva”, avaliou o chefe de Recursos Pesqueiros da Agência de Florestas do Amazonas (Afloram), Augusto Kluczkovski Junior. “Falta uma campanha também para os consumidores locais. Eles compram nas feiras peixes descongelados, que vieram de frigoríficos do interior, acreditando que o produto está fresco.”

O Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Amazonas (Idam) estima que haja no estado 770 piscicultores – sete em cada dez seriam pequenos e médios produtores.

Criação de peixes em cativeiro na Amazônia é a menor do país

22 de Setembro de 2006 - Thaís Brianezi - Repórter da Agência Brasil - Manaus - Apesar de a Amazônia abrigar os maiores rios do mundo, a região é onde existe o menor índice de piscicultura (criação de peixes em cativeiro). De cada cem quilos de peixe de cativeiro vendidos no país, apenas nove vieram da Região Norte.

Mas a piscicultura está crescendo no Brasil. Atualmente, o setor é sete vezes maior do que há dez anos. Enquanto isso, a produção da pesca continua a mesma. Hoje, de cada dez quilos de peixe consumidos no Brasil, três vieram de criações.

Para aproveitar melhor esse mercado, os produtores da Amazônia precisam de apoio. Um dos parceiros tem sido o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

No Amazonas, o instituto desenvolve um projeto de criação de matrinxãs em igarapés. O coordenador da pesquisa, Jorge Daniel Fin, revela que a atividade tem apresentado bons resultados.

“O cálculo foi feito produzindo de 800 a mil quilos de peixe ano. Os resultados obtidos mostram que a pessoa pode acrescentar à renda familiar em torno de R$ 150 e suprir a necessidade de alimentação para a família toda, durante o ano inteiro.

No geral, o brasileiro come 16 gramas de peixe por dia. Na Amazônia essa média chega a 155 gramas, já que o pescado é a principal fonte de proteínas dos moradores da região.

 
 

Fonte: Agência Brasil - Radiobras (www.radiobras.gov.br)
Ascom

 
 
 
 
 
 

 

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