17
de Setembro de 2006 - Yara Aquino - Repórter
da Agência Brasil - Brasília
- Semente geneticamente modificada é
aquela onde são inseridos gens que
alteram planta. No caso do algodão,
por exemplo, a semente pode receber gens de
uma bactéria que produz proteínas
para o controle de insetos. Outras variedades
podem ser produzidas como, por exemplo, para
resistência a um certo tipo de herbicida
que controla as ervas daninhas.
O resultado é a redução
do uso de agrotóxicos na cultura de
algodão, o que significa redução
de gastos. “São feitas hoje cerca de
20 aplicações de inseticida
no algodão brasileiro para controle
de insetos. Com o transgênico, acreditamos
que vai haver redução de 25%
no uso de inseticida”, afirma o engenheiro
agrônomo Wilhelmus Uitdewilligen, que
integra a Associação Mato-Grossense
dos Produtores de Algodão.
Os ecologistas, entretanto,
são contra o uso das sementes geneticamente
modificadas. Eles alegam que o cultivo seria
prejudicial para o meio ambiente. Como o algodão
é uma planta de polinização
cruzada - ou seja, o pólen pode fecundar
outras plantas distantes - variedades selvagens
da planta poderiam ser contaminadas com pólen
das transgênicas, resultando na destruição
de espécies nativas.
O agrônomo discorda
dos ecologistas e afirma que não há
resultados científicos que comprovem
danos dos transgênicos ao meio ambiente
ou à saúde humana. Para ele,
os pontos positivos são os que prevalecem.
“Com a redução de custos e o
menor emprego de inseticidas, teremos a melhora
da competitividade da cotonicultura mundial”,
afirma.
O plantio do algodão
geneticamente modificado foi liberado no Brasil
pela Comissão Técnica Nacional
de Biossegurança (CTNBio), vinculada
ao Ministério da Ciência e Tecnologia.
Na opinião de Uitdewilligen,
o país acumula atraso de dez anos em
relação aos países que
já usam a semente, o que compromete
a competitividade do produto brasileiro. “Estamos
com dez anos de atraso em relação
aos nossos concorrentes internacionais como
Estados Unidos, China, Índia e Austrália
que já estão comercializando
essed produtos há mais tempo”.
ONG ensina agricultor
familiar gaúcho a substituir agrotóxicos
por técnicas alternativas
20 de Setembro de 2006 -
Juliana Andrade - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - Há 20 anos,
a organização não-governamental
(ONG) Centro de Tecnologias Alternativas Populares
(Cetap) ensina agricultores familiares do
Rio Grande do Sul a substituir agrotóxicos
por técnicas alternativas, na prática
da chamada agricultura ecológica. Atualmente,
a ONG trabalha com 120 famílias, em
15 municípios do norte do estado.
Segundo a agrônoma
Raniera Aparecida da Silva, na maioria dos
casos esses produtores rurais usavam produtos
agrotóxicos para combater pragas ou
espécies invasoras. E, com a ajuda
da Cetap, trocaram esses insumos por outros
como a calda de pimenta, que ajuda a espantar
insetos da plantação.
Os agricultores familiares,
explicou, abandonaram a agricultura tradicional
principalmente por questões de saúde.
“O trabalhador ou a trabalhadora se deu conta
de que o agrotóxico estava fazendo
mal e decidiu buscar uma alternativa”, disse
Raniera da Silva, que participou hoje (20)
do 2º Encontro Nacional de Atenção
Integral à Saúde do Trabalhador.
No encontro, a agrônoma
apresentou dados de pesquisa realizada entre
2003 e 2004, em um município do norte
do Rio Grande do Sul, com 922 famílias.
Dessas, 12% viviam no meio rural. Por questões
éticas, ela preferiu não citar
o nome do município. O estudo revelou
que 95% das famílias usavam agrotóxicos
e que 75% delas tinham conhecimento dos males
que esses insumos poderiam causar à
saúde humana e ao meio ambiente.
De acordo com Raniera da
Silva, o estudo reflete a realidade de boa
parte dos agricultores familiares do Rio Grande
do Sul: “A gente pode transpor a pesquisa
para qualquer município”.
Entre os motivos para
o uso do agrotóxico, os mais citados
pelas famílias entrevistadas foram
garantir a produção, controlar
pragas e economizar tempo e trabalho.