03-10-2006 - Madri, Manila, Cidade do México
- Greenpeace desenha círculos gigantes
em lavouras do México, da Espanha e
das Filipinas para alertar sobre perigos do
milho geneticamente modificado; no Brasil,
cinco pedidos de liberação comercial
aguardam avaliação da CTNBio
Ativistas do Greenpeace fizeram hoje círculos
gigantes em plantações de milho
em três continentes. O protesto marcou
o início de uma campanha para proteger
um dos mais importantes alimentos do mundo.
Os círculos nas plantações
‘apareceram’ na Espanha, nas Filipinas e no
México. “A onda de protestos de hoje
marca o início de uma campanha global
para proteger o milho da contaminação
genética”, afirmou Geert Ritsema, coordenador
da campanha de Engenharia Genética
do Greenpeace Internacional.
O milho é uma espécie com grande
potencial de contaminação, uma
vez que duas plantas, mesmo separadas por
longas distâncias, podem se cruzar facilmente.
O Brasil também corre o risco de ver
suas plantações convencionais
contaminadas por transgênicos. Atualmente,
a Comissão Técnica Nacional
de Biossegurança (CTNBio) está
avaliando cinco pedidos de liberação
para plantio e comercialização
do milho transgênico – sendo dois da
multinacional suíça Syngenta,
dois da norte-americana Monsanto e um da alemã
Bayer. No mês de agosto, o Greenpeace
Brasil enviou à Comissão documentos
comprovando as perdas econômicas sofridas
por agricultores que tiveram suas plantações
contaminadas na Espanha.
“A liberação comercial do plantio
de milho transgênico poderá gerar
graves casos de contaminação
no Brasil, trazendo prejuízos para
nossos agricultores, principalmente para os
que trabalham com sementes convencionais ou
possuem certificação orgânica”,
afirma Ventura Barbeiro, engenheiro agrônomo
do Greenpeace. “O mundo inteiro está
protestando contra o milho geneticamente modificado.
A CTNBio não pode fechar os olhos para
isso e deixar que o Brasil pague o preço
da falta de precaução e sofra
prejuízos econômicos e perda
de biodiversidade em decorrência de
uma futura contaminação”.
Um dos protestos do Greenpeace de hoje aconteceu
em Zuera, região de Zaragoza (Espanha).
Os ativistas entraram em um campo experimental
de milho transgênico e fizeram um círculo
de 50 metros, marcando-o como uma área
contaminada. Em Isabela, nas Filipinas, os
ativistas do Greenpeace criaram um sinal de
proibido com um “M” de 45 metros em uma plantação
convencional, mostrando que é proibida
a entrada da Monsanto na área. A empresa
vende as sementes geneticamente modificadas
mesmo em províncias consideradas áreas
livres de transgênicos, como em Mindoro
Oriental, onde está em vigor uma legislação
que proíbe o cultivo de organismos
geneticamente modificados (OGMs).
Em Jocotitlàn, no México, foi
feito um enorme círculo com a palavra
‘NÃO’, numa exigência ao governo
mexicano para rejeitar a proposta da Monsanto
de suprimir uma moratória amplamente
estabelecida no país contra o cultivo
de milho transgênico. O governo mexicano
deve decidir a qualquer momento sobre a permissão
ou não de campos experimentais de milho
transgênico no país (1).
Muitos dos efeitos de longo prazo dos transgênicos
no solo, em animais, plantas e na saúde
humana ainda são desconhecidos. A contaminação
genética de plantações
é uma realidade perturbadora em todos
os países onde há cultivo de
transgênicos, e a tecnologia continua
a representar uma ameaça séria
à biodiversidade, à segurança
alimentar, à sobrevivência dos
agricultores e ao direito de escolha dos consumidores.
O Greenpeace exige que:
* Governos de todo o mundo estabeleçam
uma moratória contra qualquer nova
semente ou plantação transgênica.
* Governos retirem autorizações
vigentes tanto para cultivos comerciais quanto
experimentais de transgênicos.
* As contaminações genéticas
devem ser eliminadas, com os custos recaindo
sobre empresas de biotecnologia como a Monsanto,
de acordo com o princípio do poluidor-pagador.
* A CTNBio deve rejeitar os cinco pedidos
de liberação comercial de milho
e interromper imediatamente os campos experimentais
existentes.
(1) Para saber mais sobre as ameaças
que o milho transgênico representa às
variedades nativas no México, leia
o documento em inglês: http://www.greenpeace.org/international/
press/reports/ge-maize-briefing
Foto: Greempeace