Natal
(02/10/06) – A Superintendência do Ibama
no Rio Grande do Norte está desenvolvendo
o Programa Tamar Pesca com o objetivo de monitorar
a frota que realiza a pescaria espinheleira
em águas territoriais brasileiras.
O que se busca é uma melhor interação
entre a conservação das tartarugas
e o esforço pesqueiro sobre os estoques
de atuns e afins no Atlântico Sul. “A
modalidade de pesca realizada com espinhel
de superfície é a principal
causa da mortalidade das tartarugas marinhas”,
informa Rodrigo Coluchi, biólogo do
Projeto Tamar, responsável pelo Programa
Tamar Pesca no Nordeste.
O Programa é realizado
em parceria com a Secretaria Especial de Aqüicultura
e Pesca (SEAP), que mantém o Programa
Observador de Bordo, e com a Universidade
Federal Rural de Pernambuco. Os observadores
são biólogos, engenheiros de
pesca e oceanógrafos que recebem treinamento
durante 10 dias de instrutores do Projeto
Tamar para identificar e tratar devidamente
as espécies de tartarugas e peixes
capturadas.
Cada barco, na grande maioria
de bandeira estrangeira, leva dois observadores
de bordo brasileiros para testemunhar a captura
incidental das tartarugas, como também
dos tubarões, entre outras espécies
de alto valor comercial apanhadas muitas vezes
de maneira predatória. O observador
de bordo tem a obrigação de
reportar a produção pesqueira
dos barcos e repassar as informações
para a SEAP e Ibama, que também elabora
relatórios do tipo de produção
que cada embarcação efetua.
Os três principais portos de onde partem
os observadores de bordo são os de
Natal (RN), Santos (SP) e Itajaí (SC).
De setembro de 2004 a setembro
de 2005, o Programa Tamar Pesca registrou
no Nordeste a captura incidental de aproximadamente
200 tartarugas pela pescaria com espinhel,
mediante a utilização de seis
milhões de anzóis. O cabo aparelhado
com espinhel tem entre 100 e 200 metros, comportando
cerca de dois mil anzóis fixados em
bóias.
A mortalidade das tartarugas
ainda não está bem dimensionada.
Há também o problema da queda
na produtividade da pesca das espécies-alvo
e da quebra dos apetrechos. O “Tamar Pesca”
está possibilitando aos estudantes
e professores das universidades o exame dos
materiais das tartarugas. Há pesquisa
genética, anatômica, e ainda
estudos do tipo de alimentação
das tartarugas, conforme cada espécie,
segundo a área de ocorrência
da captura.
Na região Sul, por
exemplo, já foram capturados indivíduos
que tinham a identificação de
nascimento sob a guarda do Projeto Tamar.
Os dados são utilizados para reforçar
o trabalho de proteção das cinco
espécies que vivem e se reproduzem
no litoral do Brasil. ”Das sete espécies
existentes no planeta, apenas duas não
se encontram nos mares do Brasil: uma é
da Austrália e a outra é endêmica
à região do Golfo do México”,
conta Rodrigo Coluchi.
Cláudio Silva