Começa
limpeza em rio com milhares de peixes mortos
no Sul
9 de Outubro de 2006 - Aline
Bravim - Da Agência Brasil - Brasília
- A Fundação Estadual de Proteção
Ambiental (Fepam) do Rio Grande do Sul iniciou
hoje (9) o trabalho de despoluição
e limpeza do Rio dos Sinos, na região
metropolitana de Porto Alegre. No sábado
(7), milhares de peixes de 13 espécies
apareceram mortos nas águas do rio,
no que é considerado o maior desastre
ecológico dos últimos anos na
área.
O engenheiro químico
Vilson Dutra, do serviço de emergência
da Fepam, apontou a sobrecarga de poluição
do rio entre os municípios de Sapucaia
e São Leopoldo, onde se concentram
várias indústrias. "O Rio
dos Sinos recebe, além dos rejeitos
industriais, o esgoto urbano de pelo menos
30 municípios nessa bacia", afirmou,
por telefone.
A Fepam é responsável
pela fiscalização da poluição
industrial na região e, segundo Dutra,
está também investigando empresas
locais para tentar encontrar uma causa específica
para a morte dos peixes. “Uma empresa apenas
não foi a única causa, mas deve
ter sido a gota d’água”, acrescentou.
Vilson Dutra apontou outros
problemas, como a falta de correnteza no rio
e as más condições de
oxigênio para os peixes. E destacou
que para a total despoluição
do Rio dos Sinos são necessários,
em pelo menos dez anos, mais investimentos
e fiscalização.
Recuperação
de rio deve levar três anos, diz ministro
12 de Outubro de 2006 -
Priscilla Mazenotti - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - A recuperação
dos 20 quilômetros do Rio dos Sinos
(RS) onde, no sábado passado (7), um
desastre ambiental causou a morte de mais
de um milhão de peixes deve durar pelo
menos três anos, disse o ministro da
Secretaria Especial de Aqüicultura e
Pesca (Seap), Altemir Gregolin. No próximo
mês, seria a época da piracema,
período de reprodução
dos peixes. “Possivelmente, nos próximos
dois ou três anos haverá um comprometimento
muito grande na reprodução dos
peixes. O desastre compromete muito os estoques
e a reprodução”, afirmou Gregolin.
Até o momento, uma
indústria de alimentos e dois curtumes
foram autuados pela Fundação
de Proteção Ambiental do Rio
Grande do Sul (Fepam) e outras 50 indústrias
da região já foram investigadas.
“Mas o processo de investigação
continua”, disse o ministro.
Ele explicou que dos 200
quilômetros do Rio dos Sinos, 20 foram
atingidos pelos resíduos químicos
jogados por algumas indústrias da região.
Mesmo assim, Gregolin afirmou que o abastecimento
de água das cidades da região
não está prejudicado. “Os pontos
de captação de água que
abastecem as cidades não foi atingido.
A Corsan (Companhia Riograndense de Abastecimento)
está fazendo a coleta de amostras de
água de hora em hora e monitorando
de perto. Até agora, não foi
constatado nada”, acrescentou.
Altemir Gregolin pediu apuração
rápida e o uso do rigor da lei na punição
dos responsáveis pelo desastre ambiental.
“Não dá para admitir um fato
dessa gravidade ser provocado por gente que
é irresponsável com o meio ambiente.
O que está em cheque não é
só o rio em si, mas o nosso futuro.
Tem de ter punição severa e
um plano de despoluição do rio
a médio e longo prazo”.
O ministro explicou ainda
que a Polícia Civil e o Ministério
Público no estado abriram processo
e estão investigando as causas do desastre.
Além disso, ele informou que colocou
a Polícia Federal à disposição
das autoridades, se for o caso. Ao todo, estão
envolvidas no processo de investigação
e recuperação do rio mais de
100 pessoas.
Autuadas empresas
no Sul por morte de peixes no Rio dos Sinos
11 de Outubro de 2006 -
Shirley Prestes - Repórter da Agência
Brasil - Porto Alegre - A Fundação
de Proteção Ambiental do Rio
Grande do Sul (Fepam) autuou hoje (11) três
empresas nos municípios de Estância
Velha e Portão. As empresas podem ter
contribuído para o desastre ambiental
que matou 50 toneladas de peixes no Rio dos
Sinos, na região metropolitana de Porto
Alegre. Uma indústria de alimentos
e dois curtumes foram autuadas “por procedimentos
irregulares no lançamento de resíduos
tóxicos no Arroio Portão, que
desemboca no Sinos”.
A portaria assinada pelo
diretor-presidente da Fundação,
Antenor Ferrari, dá prazo de 180 dias
para que os municípios inseridos na
Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos
apresentem proposta de plano de saneamento
para reduzir os lançamentos de esgotos
domésticos sem prévio tratamento.
Segundo Ferrari, a portaria “configura situação
de emergência ambiental na Bacia Hidrográfica
do Rio dos Sinos em função da
qualidade das águas e o período
da piracema no rio”.
A Fepam determinou ainda
a redução em 30% da quantidade
de efluentes líquidos de todas as atividades
industriais situadas na sub-bacia do Arroio
Portão, em Sapucaia do Sul. Durante
entrevista coletiva à imprensa, o diretor
técnico da Fundação,
Jackson Muller, disse que foram encontradas
“inconformidades” na operação
das estações de tratamento das
empresas. “Esta má operação
contribuiu com o lançamento de efluentes
fora dos padrões exigidos pela legislação
vigente”, afirmou o biólogo.
Segundo a Fepam, ao longo
de 16 quilômetros na região,
o Arroio Portão e seus afluentes recebem
resíduos de 186 empresas dos ramos
coureiro-calçadista, alimentício
e metalúrgico. Cada empresa licenciada
pode despejar até 0,45 miligramas de
poluente por litro no rio. Até terça-feira
(17), a Fepam deverá receber o laudo
das análises do material coletado nas
40 empresas da região que estão
sendo vigiadas. As responsáveis podem
ser multadas em R$ 50 milhões.
Amanhã (12), o ministro
Altemir Gregolin, da Secretaria Especial de
Aqüicultura e Pesca, visitará
a região atingida pelo desastre ambiental
e anunciará medidas em benefício
de mais de 300 famílias que vivem da
pesca no local. Ao chegar hoje ao estado,
o ministro confirmou o pagamento de cestas
básicas e de um salário mínimo
para os pescadores prejudicados. Segundo Gregolin,
os benefícios valem enquanto não
houver condições para a atividade
pesqueira.
Pescadores vão
receber seguro-defeso por causa de desastre
ambiental
12 de Outubro de 2006 -
Priscilla Mazenotti - Repórter da Agência
Brasil - Brasília - Os 600 pescadores
cadastrados que moram na região do
Rio dos Sinos (RS), onde um desastre ambiental
matou mais de um milhão de peixes no
último sábado (7), vão
receber um salário mínimo por
mês e cestas básicas pelos próximos
quatro meses. O salário-defeso aos
pescadores será pago porque parte do
rio foi contaminada com resíduos químicos
pelas indústrias da região e
a pesca está proibida nos 20 quilômetros
que foram contaminados.
A Secretaria Especial de
Aqüicultura e Pesca (Seap) ainda estuda
a possibilidade de fazer o repovoamento dos
peixes na região. “Essa medida deve
ser avaliada, depende da evolução
do problema de contaminação”,
disse o ministro Altemir Gregolin. Ele acrescentou
que outra medida tomada será a de promover
a alfabetização desses pescadores
“para, inclusive, servir como outra alternativa
de renda” durante o período em que
a pesca estará proibida.
O desastre ambiental foi
percebido no sábado (7) por um barco
de uma Organização Não-Governamental
(ONG) que fazia um passeio pelo Rio dos Sinos,
na região metropolitana de Porto Alegre.
Segundo o ministro, os resíduos químicos
foram jogados por algumas indústrias
de alimentos e curtumes da região,
porque durante o final de semana a fiscalização
é menor. “Até ontem (11), 50
empresas haviam sido fiscalizadas e a Fundação
de Proteção Ambiental do Rio
Grande do Sul (Fepam) notificou e multou três
empresas, mas o trabalho de investigação
continua”, afirmou.
O ministro explicou que
já foram retiradas do rio 70 toneladas
de peixes mortos e que mais 30 ainda devem
ser retiradas nos próximos dias. “A
situação é muito grave
e é demonstrada pela quantidade de
peixes mortos. Até ontem ainda continuava
morrendo peixe”, disse.