Manaus
(13/10/06) - Agentes do Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) do Amazonas e do Acre negociaram a
liberação da rodovia BR-364
que estava interditada por madeireiros do
Distrito de Vista Alegre do Abunã,
localizado na fronteira entre os estados do
Amazonas e Rondônia.
A rodovia estava interditada
desde o último domingo (07) em protesto
contra as ações da “Operação
Acauã”, que combate ao desmatamento
do sul do estado do Amazonas. De acordo com
Adílson Cordeiro, chefe da Divisão
de Fiscalização do Ibama, apesar
do distrito ficar localizado no estado de
Rondônia, toda a madeira utilizada pelas
serrarias saem de planos de manejo no Amazonas.
“Nós começamos
a vistoriar as madeireiras na sexta-feira;
no domingo a população se revoltou
e resolveu bloquear a estrada, exigindo a
retirada dos fiscais do Ibama. Eles provavelmente
temiam que nós encontrássemos
irregularidades”, conclui Adílson.
A maior parte das empresas
de Vista Alegre ainda não fez a declaração
de estoque necessária para operação
do Documento de Origem Florestal (DOF), novo
sistema informatizado do Ibama para controle
de madeira. O prazo terminou em 30 de setembro.
Durante a negociação,
o Ibama suspendeu as inspeções
e concedeu prazo até a próxima
segunda-feira, dia 16/10, para que as madeireiras
regularizem sua situação. Somente
a partir de segunda-feira, então, os
fiscais voltarão à campo para
vistoriar as empresas.
De acordo com Adílson,
há suspeitas de que as madeireiras
estejam utilizando planos de manejo legalizados
para “esquentar” madeira ilegal. “Ainda é
muito cedo para afirmar qualquer coisa. Mas
durante a inspeção, se houver
alguma irregularidade nós vamos identificar
e punir as empresas, se for o caso”, garante.
O pequeno distrito de Vista
Alegre do Abunã é um vilarejo
que sobrevive principalmente da atividade
de extração de madeira, e possui
nada menos que 43 madeireiras. De acordo com
o superintendente substituto do Ibama, Mário
Lúcio Reis, que esteve no local na
última semana, há uma grande
animosidade contra a presença do Ibama
na área, não só dos madeireiros
mas da própria população.
“Nós ouvimos do dono
do hotel, dos comerciantes, das crianças
pedidos para que deixemos a cidade o mais
rápido possível, pois tudo fica
paralisado enquanto o Ibama está lá.
Por outro lado, também recebemos apoio
dos madeireiros que atuam legalmente, seguindo
as regras ambientais”, pondera.
Flávia Mendonça