Recife
(09/10/06) - Um golfinho rotador (Stenella
longirostris) foi encontrado sem vida na praia
de Enseadas dos Corais, município do
Cabo de Santo Agostinho, litoral sul de Pernambuco.
A comunidade informou a ocorrência ao
Centro Mamíferos Aquático (CMA)
do Ibama, que em parceria com a Fundação
Mamíferos Aquáticos (FMA), foi
atender ao chamado. As duas instituições
são membros fundadores da Rede de Encalhes
de Mamíferos Aquáticos do Nordeste
(Remane).
Estagiários e funcionários
do CMA/Ibama foram até o local para
o resgate da carcaça do animal até
a sede do CMA\Ibama na Ilha de Itamaracá.
A veterinária da FMA, Fernanda Niemeyer
realizou necropsia e constatou que o animal
era um macho com 1,8 metros e cerca de 74
quilos. De acordo com informações
colhidas junto a veterinária o animal
enroscou-se numa rede de pesca. “Possivelmente
o pescador deve ter tentado salvar o golfinho,
cortando a rede, e lesionou o animal, pois
verificamos ferimentos no corpo dele produzidos
por um objeto cortante”, explica ela.
Além desse ferimento
o dorso do animal estava incompleto. “Faltava
a nadadeira dorsal e parte das costas do golfinho.
Como o local é área de ocorrência
de tubarões, suspeitamos que o predador
tenha sido atraído pelo sangue do golfinho
ferido, o que causou a morte, pois na necropsia
não achamos nenhuma evidência
de morte por afogamento”, conclui Fernanda.
Durante o exame cadavérico foram recolhidos
tecidos para exames biológicos e genéticos
posteriores.
A necropsia foi realizada
pela veterinária e mais quatro estagiários
de biologia e veterinária, que vieram
de São Paulo e Rio Grande do Norte
para adquirir conhecimentos sobre os mamíferos
aquáticos no CMA\Ibama. “Os estagiários
tiveram a oportunidade de praticar não
somente a dissecação e macerarão
no animal como a parte anatômica e possíveis
causas mortis. Desta forma retiram-se toda
a musculatura e gordura para restar apenas
os ossos que serão incluídos
no acervo do Centro”.
A Espécie - De acordo
com dados do Projeto Golfinho Rotador, com
sede em Fernando de Noronha, os animais da
espécie Stenella longirostris vivem
em águas oceânicas tropicais
no Atlântico, Pacífico e Índico.
Nunca entra em rios e raramente é observado
perto da costa continental. Os rotadores podem
buscar abrigo em águas calmas de enseadas
em ilhas oceânicas, como ocorre em Kealakekua
Bay, Havaí, e na Baía dos Golfinhos,
Arquipélago de Fernando de Noronha.
Esses animais podem atingir
até dois metros de comprimento e noventa
quilos de peso. Em ambiente natural, vivem
cerca de 30 anos. O Plano de Ação
para Mamíferos Aquáticos, do
Ibama, classifica o golfinho-rotador na categoria
de "dados insuficientes", o órgão
propõe o desenvolvimento de estudos
sobre a dinâmica populacional e a história
natural desses golfinhos. O maior predador
da espécie é o tubarão.
Luís Boaventura