16
de Outubro de 2006 - Thaís Brianezi
- Repórter da Agência Brasil
- Manaus - O Instituto Brasileiro de Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) retomou hoje (16) as vistorias nas
43 madeireiras de Vista Alegre do Abunã,
distrito de Porto Velho (RO). O trabalho,
iniciado no último dia 7 com dez fiscais,
havia sido interrompido na semana passada
por protestos de madeireiros e moradores.
Eles bloquearam a rodovia BR-364 e ameaçavam
incendiar o escritório local do Ibama.
“As ações
em Vista Alegre do Abunã não
pararam, só foram redirecionadas, por
uma questão de segurança dos
fiscais. Nesse meio tempo, nós paralisamos
a inspeção industrial e vistoriamos
áreas desmatadas”, informou à
Radiobrás o chefe de fiscalização
do Ibama no Amazonas, Adilson Cordeiro. “Reforçamos
nossa equipe, que passou de dez para 23 pessoas.
Pelo menos 80% delas têm porte de arma
funcional. Além disso, já solicitei
apoio do Exército e da Polícia
Federal”.
A BR-364 vai de Limeira,
em São Paulo, a Rodrigues Alves, no
Acre - passando pelos estados de Minas Gerais,
Goiás, Mato Grosso e Rondônia.
A rodovia ficou bloqueada durante três
dias, até a última terça-feira
(10). Os moradores exigiam a saída
dos fiscais do Ibama e um prazo para que as
madeireiras da região fizessem a declaração
de estoque necessária para a emissão
do Documento de Origem Florestal (DOF).
O DOF é o novo sistema
de controle do transporte de madeira, totalmente
informatizado. Ele substituiu a Autorização
para Transporte de Produtos Florestais (ATPF),
uma guia impressa pela Casa da Moeda e preenchida
manualmente. “O DOF começou a valer
no dia 1º de setembro, já com
um prazo de 30 dias para as madeireiras se
cadastrarem e fazerem a declaração
de estoque (<i> dado sobre quanta madeira
de origem legal possui e pretende transportar
</i>)”, lembrou Cordeiro.
As vistorias em Vista Alegre
do Abunã fazem parte da Operação
Acauã, de combate ao desmatamento no
sul do Amazonas. Nos primeiros 50 dias, a
operação identificou 4 mil hectares
de floresta destruída ilegalmente –
o equivalente a quatro mil campos de futebol.
As multas somam R$ 11 milhões.
Esse é o quinto ano
consecutivo em que o Ibama realiza operações
ostensivas no sul do Amazonas – região
fronteiriça com Mato Grosso e Rondônia,
a mais crítica do estado. As ações
seguem até novembro, quando recomeçam
as chuvas mais intensas na região.
Acauã é uma ave de rapina –
uma alusão às imagens de satélite,
já que os gaviões enxergam suas
presas das alturas e conseguem descer ao local
preciso da captura.