16
de Outubro de 2006 - Alessandra Bastos e Ivan
Richard - Da Agência Brasil - Brasília
- O alto custo do botijão de gás
leva parcelas mais carentes da população
a usarem fogões a lenha. No Brasil,
segundo o secretário de Políticas
para o Desenvolvimento Sustentável,
Gilney Viana, de 10% a 12% das matrizes energéticas
são lenha.
No mundo, metade da população,
ou seja, cerca de 2,5 bilhões de pessoas,
usa lenha ou carvão mineral para cozinhar,
acrescenta o oficial de programas de energias
domésticas do Winrock Institue Brasil,
Rogério Miranda.
O instituto é um
do que participam do Encontro Internacional
sobre Poluição Doméstica,
Fogões Ecológicos e Desenvolvimento
Sustentável, que acontece de hoje (16)
a amanhã, em Brasília.
Miranda diz que, apesar
de dados do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) mostrarem que
95% dos lares brasileiros têm fogão
a gás, 20% da população
têm fogão a lenha.
Segundo ele, muitas vezes
por causa do preço, as pessoas usam
o gás apenas para esquentar o café
ou requentar uma comida. “São famílias
pobres, que moram principalmente no campo,
onde o acesso a combustíveis mais baratos
é mais difícil”.
Ele diz que o Ministério
do Meio Ambiente incentiva a troca por fogões
menos poluentes por meio de programas que
trabalham com comunidades tradicionais e Organizações
Não-Governamentais. O objetivo, acrescenta
Viana, é traçar um programa
de larga escala a partir dessas experiências.
Um programa-piloto está
em desenvolvimento no semi-árido do
Nordeste, "onde o consumo de lenha é
muito grande e vai depredando a Caatinga e
até o Cerrado”, explica o secretário.
Miranda, do Winrock Institue
Brasil, afirma que para a população
mais pobre poder comprar, é necessário
tecnologia barata, que não ultrapasse
R$ 100. Há programas de microcrédito
que podem ser associados a isso e também
existe a possibilidade de transferir tecnologia
às comunidades mais isoladas, sugere
Miranda.
“Quando você usa a
lenha, quer calor, energia para cozinhar,
não quer fumaça. É preciso
investir em fogões a lenha mais modernos,
a baixo custo, muito mais eficientes e mais
limpos”, afirma, acrescentando que as lojas
vendem fogões a lenha “defasados e
com preços altos”.
Mais moderno, e portanto
menos poluente, o fogão ecológico
pode significar também economia para
o consumidor. “Há fogões que
consomem 50% a menos de lenha e geram mais
energia. Existem outros fogões ecológicos
que emitem muito pouco gazes prejudiciais
a saúde”, acrescenta o secretário.