20/10/2006
- Especialistas apontam o Brasil como o país
com maior potencial de crescimento na produção
de energia renovável, especialmente
etanol e biodiesel, devido à disponibilidade
de terras agriculturáveis e da posição
geográfica privilegiada. Entretanto,
em 2005 os Estados Unidos ultrapassaram os
brasileiros na produção de etanol,
com uma média de 16,4 bilhões
de litros produzidos, 4 milhões de
litros a mais que o volume produzido no Brasil.
Vale lembrar que o etanol produzido nos Estados
Unidos utiliza o milho como matéria-prima,
cujos benefícios ambientais são
significativamente inferiores quando comparados
ao oriundo da cana-de-açúcar.
O que parece preocupante,
no entanto, desponta como possibilidade de
negócios, já que quanto mais
países produzirem álcool combustível,
maiores as chances de o Etanol transformar-se
em commoditie internacional. O desafio, segundo
os especialistas, é desenvolver políticas
que posicionem o Brasil como líder
estratégico na produção
mundial. Estes e outros temas serão
discutidos durante a primeira Conferência
Internacional de Agroenergia (Conae) que acontece
entre os dias 11 e 13 de dezembro em Londrina,
norte do Paraná.
Ao longo dos três
dias de evento serão realizados 19
painéis e 8 conferências sobre
temas como mercado de carbono, biodiesel,
a política brasileira de produção
energética, perspectivas energéticas
mundiais, oleaginosas, aproveitamento de bioprodutos,
biomassa florestal, biogás, entre outros.
Para o coordenador do painel “Mercado de Etanol”,
Frederique Rosa e Abreu, engenheiro químico
e membro da Secretaria de Produção
e Agroenergia do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, a expectativa
é que o evento discuta os modelos de
utilização das florestas energéticas,
os projetos de Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo e o posicionamento do Brasil no mercado
de etanol, uma das maiores promessas em agroenergia.
Segundo o pesquisador, apesar
de os Estados Unidos já ultrapassarem
a produção brasileira de etanol,
o Brasil é o único país
que possui uma política declarada de
agroenergia, sendo considerado uma referência
em tecnologia de álcool combustível
e biodiesel. “O Etanol só se tornará
uma commoditie internacional se houver garantia
de suprimento. Quanto mais países produzirem,
melhor será para o Brasil, porque conseguiremos
produzi-lo com menor custo”, avalia. China,
Índia e França também
estão na corrida pela produção
de álcool, tendo produzido, respectivamente
(em bilhões de litros): 3,8; 1,7 e
0,91.
De fato, a produção
de etanol já desponta como um dos negócios
mais promissores no mercado agroindustrial.
Segundo pesquisa da Dataagro (consultoria
especialista e cana-de-açúcar
e álcool), no ano passado o Brasil
movimentou 2,9 bilhões de dólares
com a venda de álcool para mistura
com a gasolina, 2,2 bilhões de dólares
com a venda de álcool combustível
e 766 milhões de dólares em
exportação para 46 países.
No Brasil há 284 usinas de açúcar
e álcool, com um processamento de mais
de 300 bilhões de toneladas de cana
por ano.
Atualmente, a bioenergia
é responsável por cerca de 5
a 10% do agronegócio, mas analistas
apontam que até o final do século
o segmento energético renovável
seja responsável por pelo menos 35%
do agronegócio. “A agroenergia tem
a possibilidade de diversificar a produção
agrícola, criando novas oportunidades
para o produtor além das tradicionais
do mercado alimentício”, ressalta Abreu.
Entre os temas do painel
Mercado de Etanol, destacam-se o cenário
de etanol no mundo, o mercado de etanol no
curto e médio prazo, a tecnologia de
produção de etanol e a co-geração
de energia na produção de etanol.
O objetivo da Conae é firmar parcerias
entre setor público e privado para
criar uma plataforma de pesquisas no setor
agroenergético.
Paralelo à Conae,
haverá a primeira Exposição
e Feira de Tecnologia para a Geração
de Energia Renovável e Alternativas
Energéticas, com exposição
de trabalhos que devem ser inscritos até
o dia 15 de novembro. Podem participar da
Conferência Internacional de Agroenergia
engenheiros, arquitetos, pesquisadores, professores,
fabricantes de veículos e máquinas,
agricultores, entidades governamentais, organizações
não governamentais, estudantes, ecologistas,
economistas, jornalistas e formadores de opinião.
A Conferência Internacional
de Agroenergia é uma iniciativa é
da Federação de Associações
de Engenheiros Agrônomos do Paraná
e Associação dos Engenheiros
Agrônomos de Londrina e conta com o
apoio de universidades, Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária-Embrapa, Ministério
da Agricultura, Ministério do Turismo,
Sociedade Rural, Embratur, Londrina Convention
& Visitours Bureau, Itaipu Binacional,
Universidade Tecnológica, Adetec, Confea
/ Crea.