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Oct 2006 - A redução, pela segunda
vez seguida, da taxa de desmatamento na Amazônia
comunicada hoje pelo governo é com
certeza uma vitória da Ministra Marina
Silva e sua equipe. Porém, é
muito importante agora dar condições
de governança para que a queda ocorra
sempre. E isso só poderá acontecer
se houver metas claras para a redução
contínua do desmatamento, mais recursos
para o plano de combate ao desmatamento, linhas
de crédito para manejo florestal e
um sistema de licenciamento integrado entre
os estados.
Os números divulgados
estimam que 13mil km2 foram devastados na
região amazônica no período
entre agosto de 2005 e agosto de 2006. O índice,
calculado pelo sistema Prodes do Inpe (Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais), representa
um declínio de 30% na destruição
da floresta em comparação com
o mesmo período de 2004 a 2005.
Para o WWF-Brasil, as reduções
atuais são resultantes de várias
iniciativas pontuais e conjunturais como a
valorização do real frente ao
dólar, a queda nos preços da
soja e da carne no mercado internacional nos
últimos dois anos e a criação
do plano de combate ao desmatamento. “Não
podemos continuar reféns de conjunturas
e ações pontuais para conservar
a floresta Amazônica. Precisamos imediatamente
fortalecer o plano de combate ao desmatamento”,
afirma Denise Hamú, secretária-geral
do WWF-Brasil.
A redução
da taxa de desmatamento na Amazônia
influi diretamente nas mudanças climáticas.
Cerca de 75% das emissões brasileiras
de gases causadores do efeito estufa são
provenientes das queimadas feitas para desmatar.
Quando esse índice é levado
em conta, o Brasil se torna o quarto país
no ranking dos vilões do aquecimento
global. A proposta de redução
compensada de desmatamento que o Brasil irá
levar para a 12ª. Conferência das
Partes sobre Clima, em Nairobi, no próximo
mês mostra a vontade brasileira em contribuir
para que o planeta não sofra tanto
com as mudanças climáticas.
“É por isso que a
proposta de redução compensada
tem que ser bem discutida e que as metas de
diminuição do desmatamento adotadas
sejam feitas em percentuais em relação
ao ano anterior”, diz Mauro Armelin, coordenador
de Políticas públicas do WWF-Brasil.
“Isso garantirá que a redução
do desmatamento seja contínua e não
que uma taxa altíssima, como a de 2004,
seja tomada como referência para outros
anos”, completa.