Brasília
(27/10/06) – O diretor de Proteção
Ambiental do Ibama, Flávio Montiel
da Rocha, rebateu o argumento de que a queda
de 30% no desmatamento deve-se à retração
na economia agropecuária. Ele sustenta
que o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística – IBGE detectou aumento
da área plantada de lavoura temporária
(soja, milho, feijão) na Amazônia,
entre 2003-2005.
Apenas no Mato Grosso,a
área plantada passou de 64 mil para
87 mil quilômetros quadrados, naquele
período. Ele conclui que a queda no
preço dos commodities no mercado internacional
como no caso da soja não tem efeitos
imediatos sobre a extensão da área
plantada. Só não houve expansão
de área plantada no Acre, Amazonas
e Maranhão.
Montiel ressaltou que as
operações de controle e fiscalização
coordenadas pelo Ibama em parceria com outros
órgãos federais como Polícia
Federal, Polícia Rodoviária
Federal e órgãos estaduais –
como as polícias militares e ambientais
e secretarias de meio ambiente - tornaram-se
mais eficientes. O planejamento e a execução
das fiscalizações foram aperfeiçoados
com o uso simultâneo dos sistemas Prodes
e Deter.
“Os dados do Prodes, que
define a taxa anual de desmatamento, do período
2004-2005 foram usados durante a reunião
de planejamento das operações
de fiscalização realizada no
mês de março em Cuiabá.
Os números do Deter, repassados a cada
dez dias para o Ibama, servem como indicativos
de desmatamento e podem determinar mudanças
no rumo da execução das operações”,
revela Montiel.
A partir da análise
dos dados do Prodes, o Ibama elaborou um ranking
dos 40 municípios da Amazônia
Legal que mais desmataram no período
2003-2005. Essas áreas consideradas
críticas se tornaram alvos prioritários
das medidas emergenciais de combate ao desmatamento
ilegal durante 2006. “A comparação
dessas áreas com os dados indicativos
de desmatamento do Deter 2005-2006 mostra
a coerência e a objetividade do planejamento
e da concentração das ações
do Ibama nesses municípios”, reforça
Montiel.
Outros fatores importantes
na redução do desmatamento,
segundo o diretor, foi a criação
de mais de 19 milhões de hectares de
novas unidades de conservação
em áreas de conflito e o ordenamento
fundiário. “A expectativa de titulação
de terras públicas griladas foi por
terra abaixo, uma vez que unidades de conservação
federais passam a ser definitivamente terras
da União.” Com as novas UCs e a Portaria
010/40 do Incra foi desferido um duro golpe
na ação da grilagem de terras
na Amazônia.
O diretor ainda menciona
a participação efetiva dos servidores
do Ibama e das instituições
parceiras, que têm atuado na linha de
frente do combate ao desmatamento. “Nesta
semana de homenagem aos servidores públicos
– no dia 28, comemora-se o Dia do Servidor
Público - não podemos deixar
de mencionar o esforço e a dedicação
dos que enfrentam o desafio do trabalho de
campo”, conclui.
Kézia Macedo
Taxa de desmatamento
da Amazônia cai 30%
Brasília (27/10/06)
– Pelo segundo ano consecutivo o governo comemora
a tendência de redução
da taxa de desmatamento da Amazônia.
Em cerimônia no Palácio do Planalto,
ontem, a ministra do Meio Ambiente, Marina
Silva, anunciou ser de 30% a estimativa de
queda na taxa de desmatamento da Amazônia,
no período de agosto de 2005 e mesmo
mês em 2006.
A projeção
baseou-se em dados do Projeto de Monitoramento
do Desmatamento na Amazônia Legal (Prodes)
e superou a previsão de 11% feita mês
passado em cima de informações
do Sistema de Detecção de Desmatamento
em Tempo Real (Deter). Os dois sistemas são
do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe), a diferença é que o
Prodes trabalha com dados anuais e o Deter,
de dez em dez dias.
A área desmatada
no período 2005-2006 foi estimada em
13.100 km?, uma redução de 6.400
km? em relação a igual período
anterior. De 2004 a 2005 já havia sido
confirmada a queda de 27.400 km? para 19500
km?. Se se considerar o período de
2004-2006, queda acumulada do desmatamento
é de 61%.
O diretor de Proteção
Ambiental do Ibama, Flavio Montiel, destacou
como principal causa da diminuição
na taxa a adoção de medidas
previstas no Plano de Ação para
a Prevenção e Controle do Desmatamento
na Amazônia, desenvolvido desde 2004
por 11 ministérios e coordenado pela
Casa Civil da Presidência da República.
Entre essas ações destacam-se
o ordenamento territorial, o fomento a atividades
produtivas sustentáveis, as ações
conjugadas com os governos estaduais e sociedade
civil, além do acerto das estratégias
utilizadas pelo Ibama no planejamento e na
execução das ações
de monitoramento e combate a crimes ambientais.
Pecuária - Este ano
o Inpe detectou redução do desmatamento
nos estados do Mato Grosso, Rondônia
e no oeste do Pará. Em contraste, o
desmatamento cresceu no leste do Pará,
sul do Amazonas e no sudeste de Rondônia.
Como principais causas de desmatamento estão
o corte raso para fins de agricultura e pecuária,
a grilagem de terras e a ocupação
de áreas por meio de assentamentos.
A expansão de rodovias
também exerce um impacto significativo
sobre a floresta como é o caso da BR-364
que se estende do Mato Grosso, passa por Rondônia
e segue para o Acre e está relacionada
com o desenvolvimento da atividade pecuária
visando o mercado asiático por meio
da transoceânica. E ainda o abastecimento
dos pólos siderúrgicos, como
os de Marabá e Açailândia,
no Pará, com carvão produzido
a partir de madeira extraída ilegalmente.
Kézia Macedo