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de Setembro de 2006 - Lana Cristina - Repórter
da Agência Brasil - Brasília
- Reduzir o desmatamento será o principal
desafio do próximo governante em termos
de política ambiental, acredita o engenheiro
Gustavo Souto Maior, coordenador do Núcleo
de Estudos Ambientais da Universidade de Brasília
(UnB). Não resolver o problema, para
o pesquisador, poderá ter efeito até
na política externa brasileira.
"Existe uma possibilidade
grande de o Brasil sair da lista de país
beneficiado do Protocolo de Quioto e passar
para a lista de países que devem cumprir
metas. Afinal, estamos em quarto lugar no
rol dos que emitem gases causadores do efeito
estufa", avaliou Souto Maior.
Segundo ele, como o Brasil
não foi responsável por grandes
índices de emissão de gás
carbônico nos últimos 40 anos,
o país pode 'vender' créditos
de carbono a outros países que têm
metas a cumprir na redução de
suas emissões.
Assinado em 97 por países
que integram as Nações Unidas
(ONU), o Protocolo de Quioto entrou em vigor
no ano passado com a adesão da Rússia
e prevê a redução da emissão
dos gases que provocam o chamado efeito estufa
e, portanto, associados às mudanças
climáticas registradas nos últimos
anos.
A previsão do pesquisador
se baseia no fato dos índices de desmatamento
em todo território brasileiro serem
cada vez mais crescentes. Em 500 anos, já
se perdeu 300 milhões de hectares de
cobertura vegetal.
Na Amazônia, região
responsável por 75% dessas perdas,
a taxa média de desmatamento anual
entre 11000 e 2004 foi de 1,7 milhões
de hectares. Ou seja, em 14 anos, perdeu-se
o equivalente a 1,7 milhões de campos
de futebol em florestas só na região
amazônica.
O cerrado, a caatinga e
a mata atlântica são outros biomas
também pressionados. Há estudos
de organizações não-governamentais
e também de empresas de pesquisa vinculadas
ao governo mostrando que a situação
do Cerrado é crítica. Com o
avanço da soja, o bioma perde 30 mil
quilômetros quadrados por ano.
"Praticamente três
quartos do desmatamento brasileiro são
produzidos na Amazônia, mas há
estudos desenvolvidos recentemente mostrando
que, se o desmatamento no Cerrado continuar
no ritmo atual, daqui a 40 anos, não
vamos ter um metro quadrado sequer de cerrado
no Brasil", alerta. A soja também
avança na Amazônia, onde o desmatamento
é causado ainda pela exploração
madeireira e pela pecuária.