26
de Outubro de 2006 - International — Desmatamento
coloca o Brasil como quarto maior emissor
de gases do efeito estufa. Campanha, que conta
com relatório, documentário
e evento aberto ao público, percorreu
dez cidades brasileiras para expor vulnerabilidade
do país ao aquecimento global.
Há um ano, uma seca
extrema atingiu diversos municípios
da Amazônia, mudando a paisagem da região:
barcos encalhados em enormes bancos de areia,
milhares de peixes mortos nos rios e comunidades
inteiras de ribeirinhos sem comida ou água
boa para consumo.
De acordo com cientistas,
o desmatamento e as queimadas afetam a formação
de nuvens de chuvas, o que diminui a precipitação
sobre a Amazônia. O aquecimento global
torna a floresta mais seca e vulnerável
à destruição. Estima-se
que, em algumas décadas, este efeito
perverso do desmatamento e das mudanças
climáticas pode ser irreversível
e a floresta amazônica pode desaparecer.
“Se a Amazônia perder mais de 40% de
sua cobertura florestal, nós atingiremos
um ponto onde será impossível
reverter o processo de savanização
da maior floresta tropical do mundo”, disse
Carlos Nobre, pesquisador do Inpe (Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais) e presidente
do Programa Internacional de Geosfera Biosfera
(IGBP).
O círculo é
vicioso: a destruição das florestas
diminui a formação de nuvens
de chuva, tornando a região mais seca.
Por sua vez, florestas mais secas são
mais suscetíveis às queimadas
e aos efeitos do aquecimento global, como
por exemplo a alteração do clima
na região amazônica, favorecendo
climas mais secos, novas queimadas e mais
emissão de carbono. O desmatamento
e as queimadas na Amazônia são
responsáveis por mais de 75% das emissões
brasileiras de gases do efeito estufa, colocando
o Brasil entre os quatro maiores emissores
do mundo.
Essas são apenas
algumas das evidências científicas
dos efeitos do aquecimento global expostas
pela campanha “Mudanças do Clima, Mudanças
de Vidas”, que o Greenpeace lança hoje
em Manaus, capital do Amazonas. Testemunhos
de vítimas do aquecimento global na
Amazônia, no Nordeste, no Sul e na zona
litorânea brasileira são apresentados
em um relatório e um documentário.
“O Brasil precisa assumir
sua responsabilidade como grande emissor de
gases de efeito estufa. O governo deve combater
o desmatamento de maneira implacável,
promover as energias limpas e programas de
economia de energia, afirma Carlos Rittl,
coordenador da campanha de clima do Greenpeace.
“Os brasileiros têm todo o direito de
saber onde somos mais vulneráveis aos
efeitos devastadores do aquecimento global
e como vamos reduzir nossa contribuição
ao problema. A Amazônia, por exemplo,
é uma das regiões mais vulneráveis
às mudanças climáticas
por causa da sua enorme diversidade de ambientes
e espécies”, explica.
O relatório e o documentário
mostram também como as mudanças
nos padrões de produção
e consumo de governos, indústrias e
cidadãos podem evitar que o cenário
de mudanças climáticas, que
já é grave, se torne irreversível
e catastrófico para toda a vida do
planeta nos próximos anos.
O documentário está
sendo distribuído gratuitamente para
fins educacionais para organizações
não-governamentais, escolas, fundações,
instituições de pesquisa e universidades
em todo o Brasil. As pessoas interessadas
em saber mais sobre a campanha ou adquirir
o filme podem acessar o site especial do Greenpeace:
www.greenpeace.org.br/clima
EVENTO PÚBLICO
A campanha do Greenpeace
também conta com uma exposição
fotográfica, com 28 painéis,
que mostram como as mudanças climáticas
já afetam a vida de milhares de brasileiros
em diversas regiões do país.
Ao final do evento gratuito, as pessoas recebem
uma cartilha com informações
sobre causas e conseqüências das
mudanças climáticas e dicas
de como ajudar a restaurar o equilíbrio
climático do nosso planeta.
Em Manaus, a exposição
fotográfica ficará no Parque
do Mindu, na Avenida Perimetral, sem número,
no Parque 10, de quinta a domingo (26-29/10),
das 10 às 18 horas.
Mais de 47 mil pessoas
já visitaram o evento público
nas nove cidades brasileiras que a campanha
já percorreu – Brasília (DF),
São Paulo (SP), Florianópolis
(SC), Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ),
Belo Horizonte (MG), Salvador (BA), Recife
(PE) e Belém (PA). Milhares de assinaturas
foram coletadas em um abaixo-assinado pedindo
ao governo brasileiro uma política
nacional de mudanças climáticas,
combate ao desmatamento e investimentos em
energias limpas.