1
de Novembro de 2006 - Shirley Prestes - Repórter
da Agência Brasil - Porto Alegre - As
áreas prioritárias de conservação
no bioma pampa, inserido na Metade Sul gaúcha,
vão passar de cinco para mais de 50.
O aumento se deve ao trabalho de mapeamento
“Dos Remanescentes do Pampa”, desenvolvido
pela Universidade Federal do Rio Grande do
Sul e pela Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa).
Com os resultados, que estão
sendo discutidos nesta semana em Porto Alegre,
o Ministério do Meio Ambiente (MMA)
vai dispor de informações mais
detalhadas para apontar as áreas que
são realmente mais importantes.
Segundo o coordenador do
Núcleo Mata Atlântica e Pampa
no MMA, Wigold B. Schaffer, as primeiras áreas
foram definidas com pequena participação
de conhecedores da região. “A ministra
Marina Silva resolveu dar atenção
específica à região,
separando-a do bioma Mata Atlântica,
onde foi inserida inicialmente”, explicou
Schaffer. Ele destacou, porém, que
o aumento no número de áreas
preservadas não significa aumento na
área total a ser protegida. Ao contrário,
o ajuste poderá diminuir o tamanho
em termos de hectares, disse.
“Algumas pessoas podem olhar
o Pampa gaúcho e dizer que é
apenas campo, onde só tem grama, mas
é uma área riquíssima,
com mais de 3 mil plantas identificadas”,
afirmou Schaffer. Além de dezenas de
espécies de gramíneas, existem
centenas de espécies de aves e de mamíferos
na área. De acordo com o coordenador,
muitos deles só ocorrem nesse tipo
de ambiente, o que o torna extremamente importante
para a manutenção do ciclo de
vida na região e no planeta.
Há também
vários rios importantes para o Rio
Grande do Sul que nascem na região
do Pampa, onde é expressiva a atividade
agrícola, “nem sempre com o devido
cuidado ambiental”. Eles necessitam da água,
disse Schaffer. “Proteger a área onde
estão as nascentes destes rios não
vem em prejuízo, e sim a favor da agricultura
e das demais atividades econômicas”,
ressaltou.
Para Schaffer, a plantação
de forma desordenada aumenta o risco de diminuir
a quantidade de água. “Essa é
a reclamação de vários
municípios da região, onde a
plantação de soja tomou conta
de mais de 90% do território municipal.
Quando pára de chover por uma semana
, falta água até para o abastecimento
doméstico”.
O seminário regional
Conservação e uso sustentável
do Bioma Pampa, promovido pelo MMA, termina
hoje (1º), em Porto Alegre. O evento
reúne representantes dos governos federal,
estadual e municipais, de universidades, do
setor produtivo, de comunidades quilombolas
e indígenas e de organizações
não-governamentais (ONGs) do Rio Grande
do Sul. O próximo seminário
regional será em Florianópolis,
de terça (7) ao dia 9, para atualizar
as áreas prioritárias para conservação,
uso sustentável e repartição
de benefícios da parte sul do bioma
Mata Atlântica.
O objetivo do governo federal
é definir as áreas prioritárias
para conservação, utilização
sustentável e repartição
dos benefícios da biodiversidade. “A
idéia é orientar e adequar as
políticas públicas para chegar
verdadeiramente a um desenvolvimento sustentável,
que considere o econômico, o social
e o ambiental”, afirmou Schaffer.
Depois do trabalho definido,
o ministério deve reunir dados de todos
os biomas – Pampa, Mata Atlântica, Cerrado,
Pantanal, Caatinga, Amazônia e Zona
Costeira e Marinha – para fazer os ajustes
finais e apresentar os resultados. “Assim
que estiver concluído, o trabalho,
transformado em portaria ministerial, servirá
de referência para todas as políticas
públicas do setor” disse. O trabalho
será disponibilizado na internet e
distribuído aos governos estaduais,
municipais e outros setores.
O bioma Pampa vai de São
Borja, na fronteira oeste do Rio Grande do
Sul, passando pela região central do
estado, até a praia de Torres, no litoral
norte. Abrange ainda a Campanha gaúcha,
passando pela Lagoa dos Patos e Reserva do
Taim, até o Chuí, no extremo
sul do país.
Seminário
escolherá áreas do Pampa para
conservação e uso sustentável
01 de novembro de 2006 -
Agência Brasil - Brasília - Começa
hoje (30) em Porto Alegre um seminário
para escolher as áreas consideradas
prioritárias no bioma Pampa para a
conservação, o uso sustentável
e a repartição de benefícios.
A discussão será
baseada em áreas de importância
biológica, definidas por pesquisadores
a partir de conhecimento técnico e
científico. De acordo com o Ministério
do Meio Ambiente (MMA), será feito
o cruzamento desse trabalho com os resultados
preliminares do Mapa dos Remanescentes do
Pampa, que está sendo desenvolvido
pela Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (UFRGS) e pela Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa).
Participam do seminário
representantes dos governos federal, estadual
e municipais, de universidades, do setor produtivo,
de comunidades quilombolas e indígenas
e de organizações não-governamentais
(ONGs).
O governo federal
está promovendo seminários regionais,
como o de Porto Alegre, em todos os biomas
brasileiros. O primeiro bioma a ser alvo de
seminários para a definição
de áreas prioritárias foi a
Amazônia.