01/11/2006
- O relatório “Stern Review”, lançado
hoje por um especialista em mudanças
climáticas do governo do Reino Unido,
o economista Sir Nicholas Stern, ratifica
a urgência de se tomar atitudes sobre
o aquecimento do planeta na próxima
Conferência das Partes sobre clima (COP
12). A reunião da ONU acontece na próxima
semana em Nairobi, no Quênia.
“A economia de todos os
países está em risco se o planeta
for superaquecido”, alerta a secretária-geral
do WWF-Brasil, Denise Hamú. O relatório
mostra que se não começarmos
a reduzir as emissões de gases causadores
do efeito estufa, todos irão sofrer
com secas e furacões e outros desastres
causados pelas mudanças climáticas.
“É preciso um esforço global
para estabilizar o efeito estufa agora, antes
que seja tarde demais. O Brasil pode começar
a dar o exemplo diminuindo suas emissões
oriundas do desmatamento”, afirma Hamú.
O Brasil é o 4º. país no
ranking dos que mais liberam gases causadores
do efeito estufa ao queimar madeira para desmatar.
Essas queimadas são responsáveis
por 75% das emissões brasileiras.
O relatório afirma
ainda que os custos mundiais para combater
as mudanças climáticas serão
de aproximadamente 1% ao ano do Produto Interno
Bruto (PIB) Global. Caso estes investimentos
não sejam feitos imediatamente, para
amenizar os estragos futuros decorrentes do
aumento de temperatura, o montante gasto seria
de até 20% do PIB Global anual.
“Os países em desenvolvimento,
como o Brasil, serão os mais prejudicados,
pois não teremos recursos dessa ordem
para investir em adaptação às
mudanças do clima”, explica Karen Suassuna,
técnica em Mudanças Climáticas
do WWF-Brasil.
Para a rede WWF, é
preciso que os 189 governos reunidos na próxima
semana em Nairobi produzam uma estratégia
clara e efetiva para o protocolo de Quioto
Pós-2012, garantindo a redução
das emissões dos gases causadores do
efeito estufa. Além disso, os países
em desenvolvimento devem ter acesso ao dinheiro
que já está garantido a eles
no fundo de desenvolvimento limpo contra os
impactos das mudanças climáticas.
Os países em desenvolvimento
não têm metas para as reduções
de emissões, mas o Brasil irá
propor um mecanismo voluntário de reduções
compensadas para o desmatamento, o que a princípio
pode ser uma boa saída e estimulo às
reduções. “Mas ainda não
está claro de onde virá o dinheiro,
pois os recursos internacionais já
destinados para conter as mudanças
climáticas não podem ser desviados.
Teria de ser injetado mais dinheiro dos países
desenvolvidos especificamente para este mecanismo”,
alerta Suassuna.
Outro ponto importante diz
respeito às emissões do setor
elétrico, segundo o relatório,
é que elas terão de ser reduzidas
em, no mínimo, 60% até 2050
neste setor. No Brasil, a matriz elétrica
é invertida em relação
aos demais países, ou seja, a maior
parte de nossa eletricidade é gerada
através de hidrelétricas. “Mas
o país tem dado sinais claros de que
pretende aumentar a parcela de combustíveis
fósseis. Isto é estar na contramão
da história, temos de continuar sendo
exemplo, temos um enorme potencial para tecnologias
como solar, eólica e biomassa, sem
falar da eficiência energética,
forma mais barata de dispor de energia” afirma
Suassuna. “É preciso ter metas claras
para reduzir drasticamente o desmatamento
e investir em eficiência e renováveis
é a nossa lição de casa
para contribuir positivamente com o clima
do planeta”, completa.