01/11/2006
- A Paranatinga Energia S/A, empresa responsável
pela construção da PCH do Culuene
envia nota de esclarecimento ao ISA a propósito
de carta publicada no site, na qual os índios
do Parque do Xingu manifestavam indignação
quanto aos impactos da obra, liberada em recente
liminar pelo Tribunal Regional Federal da
1ª Região. O rio Culuene é
um dos principais formadores do rio Xingu.
A nota da empresa afirma que o rio não
será poluído, que a mata ciliar
será recomposta, e a reprodução
dos peixes está assegurada, entre outros
compromissos.
A nota de esclarecimento
da Paranatinga se refere à carta publicada
no site do ISA, em 24 de outubro, na qual
os índios do Xingu protestavam contra
a liberação das obras pelo Tribunal
Federal da 1ª Região. Leia abaixo
a nota da empresa na íntegra.
NOTA DE ESCLARECIMENTO
A Paranatinga Energia S/A, responsável
pela implantação da pequena
central hidrelétrica Paranatinga II,
no rio Culuene, em Campinápolis, Mato
Grosso, torna públicos alguns fatos
e informações para evitar que
prosperem inverdades divulgadas em nota contra
o empreendimento assinada pelo Movimento Indígena
em Defesa do Rio Xingu. Sem qualquer demérito
à causa indígena, a empresa
tem a esclarecer:
Rio Culuene não será
poluído por óleo utilizado na
PCH Paranatinga II
O funcionamento das turbinas
a serem instaladas na PCH dispensa o uso de
combustível. Será utilizado
óleo apenas para a lubrificação
de mecanismos internos dos equipamentos. Mesmo
assim, esse óleo não entra em
contato com a água e trabalha em circuito
fechado, tendo vida útil de cerca de
dez anos. Após esse período,
o lubrificante é integralmente substituído
e devolvido ao fabricante para sua regeneração.
“Escada” permite migração
na piracema e assegura reprodução
de peixes
Será construído
um Mecanismo de Transposição
de Peixes, mais conhecido como “escada de
peixes”. O dispositivo está sendo utilizado
com sucesso em grandes usinas no país.
O projeto da “escada de peixes” da Paranatinga
II foi desenvolvido por empresa especializada
e, depois, testado e aperfeiçoado em
modelo reduzido pela Universidade de São
Paulo (USP). Será construído
um canal simulando as corredeiras da calha
de um rio, com 500 metros de comprimento,
4 metros de largura e 2,5 metros de altura.
As dimensões da obra permitirão
que os grandes peixes do Culuene também
transponham a barragem, o que é especialmente
importante para preservar o maior número
de espécies. A Paranatinga II é
a primeira PCH no Brasil a adotar o sistema.
Além disso, a reprodução
dos peixes não será comprometida
porque a maior área de desova fica
abaixo da construção, num longo
trecho sinuoso que se alaga no período
da piracema. Portanto, o processo reprodutivo
dos peixes no rio Culuene não será
interrompido nem a jusante, nem a montante
da obra.
Pesquisa monitora fauna
e prepara resgate de mamíferos, répteis
e anfíbios
A preservação
da fauna está sendo assegurada com
o maior estudo já realizado sobre as
aves, a herpetofauna (répteis e anfíbios)
e os mamíferos que vivem na bacia do
rio Culuene. Equipes de pesquisadores especializados,
na maioria vinculada à Universidade
Federal de Mato Grosso (UFMT), realizam campanhas
trimestrais de monitoramento in loco para
cada grupo de animais. O resgate – salvamento
dos animais terrestres – ocorrerá durante
o desmatamento e o enchimento da área
do reservatório. Nas duas oportunidades,
os animais eventualmente encontrados serão
recolhidos, examinados e, se estiverem sadios,
devolvidos nas áreas do entorno da
futura represa.
Recomposição
com mata nativa reduz assoreamentos e poluição
da água
Toda a extensão da
margem do reservatório será
reflorestada com uma faixa de 100 metros de
mata nativa. A reprodução das
espécies está sendo desenvolvida
em viveiro próprio. A recomposição
de trechos da mata ciliar, que já estavam
devastados antes da construção
da Paranatinga II, evitará o aumento
de assoreamentos e da poluição
do rio. Esses fenômenos vêm ocorrendo
na região há algum tempo e não
foram provocados pela obra. Também
estão sendo recolhidas as orquídeas
e bromélias na área do reservatório
para futuro repovoamento. Parte do material
será encaminhada ao acervo do Orquidário
da UFMT, em Cuiabá.
Iphan analisa estudo sobre
localização de sítio
sagrado do Kuarup
O Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional
(Iphan) está analisando o relatório
do Programa Antropológico e Cultural
da PCH Paranatinga II, que identificou o exato
local de um dos sítios sagrados da
mitologia dos povos do Alto Xingu. De acordo
com o estudo, elaborado por 21 cientistas
durante um ano, o Sagihenhu, onde ocorreu
a primeira celebração do Kuarup,
fica a 7 quilômetros abaixo da obra.
O local é conhecido como Travessão
do Adelino. A pedido do Ministério
Público Federal, o estudo foi realizado
de acordo com os critérios indicados
pelo Iphan e pela Fundação Nacional
do Índio (Funai).
Energia limpa, estável
e de qualidade para região mais carente
de MT
A PCH Paranatinga II faz
parte do programa Luz para Todos, do governo
federal, e vai abastecer 16 municípios
do Baixo Araguaia, no nordeste mato-grossense.
Energia limpa, estável e de qualidade
para 133 mil moradores da região. Mais
importante ainda é que o sistema desativará
as poluentes e custosas usinas termelétricas
movidas a óleo diesel. O país
deixará de importar 25 milhões
de litros de combustível por ano, economizando
cerca de R$ 60 milhões do bolso dos
contribuintes. Inicialmente, a energia da
PCH será levada aos municípios
de Gaúcha do Norte, Querência
do Norte e Ribeirão Cascalheira. Com
a construção de novas linhas
de transmissão pela Rede Cemat, a energia
chegará a outros 13 municípios.
A obra é a solução viável
para melhorar a qualidade de vida de uma das
regiões mais carentes do Centro-Oeste
brasileiro.
A ninguém interessam
o confronto, o radicalismo e denúncias
vazias
Mesmo autorizada pela Justiça
Federal a dar continuidade às obras,
a Paranatinga Energia S/A está conversando
com as comunidades indígenas, por meio
da Funai e outras autoridades governamentais,
visando dirimir dúvidas antes de reiniciar
a construção. A ninguém
interessam o confronto, o radicalismo e denúncias
vazias. Os cuidados com o meio ambiente, como
demonstram os exemplos citados, são
prioritários desde o início
do empreendimento. E muitas outras ações
de proteção ambiental e social
estão sendo adotadas. Para todos os
aspectos antropológicos e ecológicos
até agora questionados, estão
sendo dadas as melhores respostas práticas
e sustentáveis. Nesse sentido, a Paranatinga
Energia S/A manifesta absoluta perplexidade
com a renitência de algumas jovens lideranças
do Parque Indígena do Xingu que, sem
apresentarem motivos com sustentação
científica e/ou legal que impeçam
o reinício da obra, apegam-se a discursos
apelativos, politicamente incorretos, que
em nada contribuem com a importância
do diálogo necessário para a
resolução do problema.
Era o que se tinha a esclarecer.
PARANATINGA ENERGIA S/A
ISA.