03/11/2006
- Encontro binacional realizado no lado brasileiro
do Alto Rio Uaupés voltado à
melhoria na qualidade da educação
indígena, propõe estabelecer
políticas educacionais diferenciadas,
que sejam similares dos dois lados da fronteira
Preocupados em formular
uma política de educação
para os povos indígenas que vivem na
fronteira do Brasil com a Colômbia,
os Kootiria (Wanano), Kubeo, Tariano e Waikhana
(Piratapuia) se reuniram entre 8 e 12 de outubro
na comunidade Koama Phoaye (Caruru-Cachoeira),
lado brasileiro no alto rio Uaupés
para o 3º Encontro Binacional de Troca
de Experiências em Educação
Escolar Indígena.
Além da troca de
experiências, o encontro, que ocorre
desde 2004 na região, teve como objetivo
pensar perspectivas de melhoria da qualidade
da educação. As escolas indígenas
apresentaram os projetos que estão
desenvolvendo, as dificuldades encontradas
e os avanços conseguidos nesses três
anos de intercâmbio.
Os principais pontos discutidos
foram: projetos de sustentabilidade da escola,
produção de material didático
específico, política lingüística
e política de educação
para atender a demanda de professor de espanhol,
português e alfabetização
na língua indígena. Isto porque
no Projeto Político-Pedagógico
(PPP) das escolas indígenas do lado
brasileiro do rio Uaupés, o espanhol
é disciplina obrigatória e no
Projecto Educativo Institucional (PEI) do
lado colombiano do rio, o português
é obrigatório. Por essa razão,
decidiu-se, encaminhar a proposta para as
autoridades competentes de cada país
para que se torne uma política de educação
diferenciada na região.
A idéia é
criar uma política de educação
que seja similar nos dois lados da fronteira.
Dessa maneira, alunos brasileiros e colombianos
poderiam participar de atividades das escolas
brasileiras e colombianas, A proposta surgiu
da necessidade que os povos indígenas
na fronteira sentem de ter professores que
ensinem as línguas nacionais dos dois
paises e também as línguas indígenas.
Nessa linha, o Ministério da Educação
brasileiro tem um projeto denominado “Escolas
Bilíngües de Fronteiras”, que
promove a integração do Mercosul
Educacional com a implementação
da educação bilíngüe
no ensino fundamental voltado para alunos
de escolas públicas das regiões
de fronteira do Brasil e dos países
do Mercosul.
A iniciativa permite que
as escolas envolvidas e os ministérios
da Educação dos países
fronteiriços tenham a oportunidade
de vivenciar a integração de
culturas diferentes a partir do aprendizado
do idioma do país vizinho. Porém,
segundo informações da assessoria
internacional do Ministério da Educação
do Brasil este projeto ainda não está
atendendo escolas indígenas. E, a partir
de 2007 começará a funcionar
na fronteira do Brasil com Colômbia,
nos municípios Tabatinga e Letícia,
mas para atender alunos do ensino médio
de escolas não-indígenas.
A metodologia do projeto
do Mercosul Educacional tem como base o bilingüismo
construído a partir da disponibilização
de quadros docentes, formados em ambos os
países. Desse modo, os professores
dos países parceiros atuam nas escolas
brasileiras e os professores brasileiros,
nas escolas dos países vizinhos. Com
isso, a unidade básica do projeto será
o par de escolas-espelho/gêmeas, que
atuam juntas formando uma unidade operacional.
Esta forma permite aos docentes dos países
envolvidos vivenciar, nas suas formações,
o bilingüismo que querem construir com
os alunos.
A implementação
da proposta apresentada pelos professores
indígenas participantes do 3º
Encontro Binacional de Educação
Escolar Indígena vai depender de diálogo
entre a Secretaria Municipal de Educação
de São Gabriel da Cachoeira (AM), no
Brasil, a Secretaria de Educación Departamental
de Mitu, na Colômbia e as comunidades
indígenas daquela região.
O próximo encontro
foi marcado para segunda quinzena de outubro
de 2007, na comunidade Santa Cruz , na Colômbia.
ISA, Lucia Alberta Andrade.