01-11-2006
- São Paulo - O governo britânico
publicou hoje um relatório oficial
sobre as conseqüências econômicas
das mudanças climáticas. Segundo
o documento, compilado pelo economista britânico
Nicolas Stern, mais de 200 milhões
de pessoas poderiam ser deslocadas pela elevação
do nível do mar, 40% das espécies
poderiam ser levadas à extinção
e o PIB mundial poderia cair em até
20%, em função dos impactos
das mudanças climáticas.
O relatório afirma
que cabe à nossa geração
derrotar as mudanças climáticas
ou os custos que iremos deixar de herança
para nossos filhos serão insuportáveis.
Os argumentos morais e científicos
já eram suficientemente fortes para
exigir uma ação dos governos.
Agora nós temos também os argumentos
econômicos para esta ação.
Não há mais desculpas ou cortinas
de fumaça para esconder o problema.
No entanto, embora o relatório
esteja correto em relação à
urgência na redução das
emissões de CO2, a meta sugerida para
estabilização de gases na atmosfera
de 550 ppm ainda permitiria um aumento de
temperatura em torno de 3 graus Celsius, um
nível inaceitável de aquecimento.
Já existe consenso na União
Européia de que a temperatura da Terra
não pode subir mais do que 2 graus
Celsius. Portanto, neste aspecto, o relatório
não representa um avanço em
relação a esta discussão.
Quanto ao mercado de créditos
de carbono, a única maneira de ser
efetivo será se houver metas muito
rigorosas. Caso contrário, significa
apenas gerar recursos para os comercializadores
de carbono sem resolver o problema. Para o
segundo período do Protocolo de Kyoto,
após 2012, é necessário
que a meta para os países desenvolvidos
seja muito mais ambiciosa. Mas o problema
é tão urgente que ações
efetivas de todos os países são
necessárias para evitarmos conseqüências
muito graves para nosso planeta.
É importante que
o Brasil assuma junto à Convenção
sobre Mudanças Climáticas das
Nações Unidas o mesmo compromisso
declarado no documento “Política Ambiental
Integrada para o Desenvolvimento Sustentável
– Programa Setorial de Meio Ambiente e Desenvolvimento
– 2007-2010”, do programa de governo do agora
reeleito presidente Lula, de assumir “metas
de combate ao desmatamento; de redução
das emissões de CO2 por queimadas;
de diminuição da queima de combustíveis
fósseis e de mudanças no uso
da terra – como contribuição
nacional ao esforço global de redução
do incremento de gases de efeito estufa”.