10-11-2006
- São Paulo - Conforme matéria
intitulada “País pode deixar acordo
sobre armas nucleares” publicada no jornal
O Estado de São Paulo de hoje, o secretário-geral
do Itamaraty, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães,
declarou que “Não é impossível
não, tanto que a Coréia do Norte
denunciou” após ser questionado sobre
a disposição do Brasil de sair
do Tratado. Para o Greenpeace, a afirmação
do diplomata foi imprudente é contrária
à opinião pública e a
atual política externa brasileira.
referindo-se ao fato de que o país
asiático deixou o Tratado publicamente
O TNP é um acordo
internacional em que os países que
possuem armas nucleares se comprometem a eliminar
seus arsenais, e os países que não
possuem esse tipo de armamento não
podem fabricá-los ou a comprá-los.
O Brasil aderiu ao Tratado em 1998, que hoje
conta com a participação de
187 países.
“Uma eventual saída
do Brasil do TNP fragilizaria o acordo, ao
invés de fortalecê-lo e expandi-lo,
como deveria ocorrer, especialmente quando
o mundo assiste à crise nuclear da
Coréia do Norte e quando há
iminência de crise de segurança
energética devido à dependência
mundial do petróleo”, afirmou Guilherme
Leonardi, coordenador da campanha antinuclear
do Greenpeace Brasil.
A questão nuclear
ganhou força na agenda do governo Lula
após a inauguração pelo
Ministro de Ciência e Tecnologia, Sergio
Rezende, da fábrica de enriquecimento
de urânio em Resende (RJ), uma semana
após o aniversário de 20 anos
do acidente de Chernobyl. O urânio enriquecido
pode ser utilizado para a geração
de energia ou para fabricação
de armas atômicas, conforme o grau de
enriquecimento. A afirmação
do embaixador Samuel Pinheiro poucos meses
depois da inauguração da central
de enriquecimento causa maior preocupação.
O diplomata defendeu ainda
a expansão do Programa Nuclear Brasileiro,
dizendo que “podemos exportar” urânio
enriquecido e que o urânio é
uma fonte importante de energia. Há
informações de que o Governo
Federal considera a construção
de Angra III e de mais seis usinas nucleares
(duas de grande porte e quatro de pequeno
porte), que custariam mais de R$ 30 bilhões.
A expansão do Programa
Nuclear Brasileiro significa desperdiçar
recursos públicos em uma energia extremamente
cara, suja, perigosa e ultrapassada. “O Brasil
deve permanecer como membro do TNP e investir
em energias limpas e seguras, como a eólica
e a solar, abandonando por completo a ameaça
nuclear e contribuindo para a paz mundial”,
completou Leonardi.