09/11/2006
- A presidência da Rede de Fundos Ambientais
da América Latina e Caribe - RedLAC
para a gestão que começa em
outubro de 2007 e vai até outubro de
2009 ficará com um representante brasileiro.
Pedro Leitão, diretor do Fundo Brasileiro
para a Biodiversidade (Funbio) foi escolhido
para o cargo pelos membros da RedLac no último
dia da 8ª assembléia da organização
que terminou nesta quinta-feira (9) no Rio
de Janeiro.
Para o próximo presidente
da RedLAC, o futuro da instituição
aponta para uma aproximação
cada vez maior com a iniciativa privada e
com a conservação transfronteira.
"As regiões onde atuamos possuem
grande biodiversidade e muitas vezes ela é
compartilhada por países vizinhos,
como é o caso do bioma amazônico",
disse. Para Pedro Leitão, a RedLac
precisa começar a "olhar"
para as sub-regiões como os Andes,
a Amazônia, dentre outros e se debruçar
sobre essas questões com indicadores
de sustentabilidade bastante claros. "No
nível operacional, já estamos
maduros".
Novos membros - Durante
a assembléia, a RedLAC também
ganhou mais um membro permanente. O Fundo
de Apoio para a Biodiversidade e Áreas
Protegidas da Colômbia foi aceito por
unanimidade como o mais novo integrante da
rede. Com mais esse fundo, a RedLAC passa
a contar com 25 membros no total.
A Rede Brasileira de Fundos Ambientais, criada
este ano, foi aprovada como integrante da
RedLAC, mas terá de esperar até
a próxima assembléia, no ano
que vem em El Salvador para ser ratificada
como membro oficial. O Fundo de Meio Ambiente
de Cuba também pleiteia ingresso na
rede. Um novo fundo - do Paraguai - encontra-se
em processo de organização e
deverá integrar a rede no futuro.
A 8ª assembléia
da RedLac teve ainda a participação
de fundos visitantes de Madagascar e da Tanzânia.
Inspirados pela experiência latino-americana
e caribenha, esses fundos pretendem estabelecer
em seus países redes similares para
o financiamento de ações de
meio ambiente e desenvolvimento sustentável.
Nova fronteira - Buscar
novos financiadores na iniciativa privada,
definir indicadores de sustentabilidade dos
projetos financiados e investir no mercado
financeiro. Essas são algumas orientações
aos membros Rede Fundos Ambientais da América
Latina e Caribe (RedLAC) que participam da
oitava 8ª assembléia da organização.
Oito anos depois de criada, a rede conta com
25 fundos que operam cerca de US$ 800 milhões
em sete mil projetos de conservação
e uso sustentável de recursos naturais.
"O diálogo com
o setor financeiro tornou-se uma necessidade
para quem opera recursos ambientais",
disse o presidente da RedLac, Alberto Paniagua.
Todavia, ele adverte que, por se tratar do
gerenciamento de recursos para o meio ambiente,
os investimentos dos fundos devem cercar-se
de todo o cuidado para que não sejam
investidos recursos em empresas poluidoras
ou que tenham práticas insustentáveis
do ponto de vista ambiental.
Segundo Paniagua, os indicadores
de sustentabilidade dos projetos pagos pelos
fundos ambientais também passaram a
ser um critério determinante para atrair
investidores e patrocinadores, sobretudo da
iniciativa privada. "Esses financiadores
querem saber se o que estamos apoiando realmente
está dando resultados, ou seja, querem
saber de eficiência, eficácia
e transparência", disse.
Esses critérios serão
decisivos para que os fundos ambientais da
América Latina e Caribe possam ampliar
o 1eque de financiadores. Com a escassez de
recursos por parte dos financiadores tradicionais
- organismos internacionais; governos de países
ricos, etc. - a perspectiva que se coloca
para os fundos é estreitar cada vez
mais os laços com o setor privado.
RedLAC inspira modelo para
o mundo - Experiência única no
mundo a RedLAC começa a se tornar um
modelo para outras regiões do globo.
É o caso de Madagascar. A representante
do Fundo para Áreas Protegidas daquele
país, Sahondra Rabenarivo, participa
do evento no Rio em busca da experiência
latino-americana. "Acredito que cem por
cento do que faz a RedLAC pode ser aproveitada
em locais com as mesmas características
ambientais e sociais" disse ela, referindo-se
a Madagascar, país megadiverso e área
prioritária para a conservação.
Cuba é outro país
que enviou representante ao Brasil esta semana
em busca inspiração no modelo
da RedLAc. Com grande biodiversidade e problemas
ambientais graves, principalmente aqueles
ligados à água e aos resíduos
sólidos, o país necessita de
estruturas que possam financiar ações
socioambientais. Mais que isso: precisa de
recursos financeiros para executar os projetos.
"Por sofrer embargo
dos Estados Unidos, os recursos financeiros
para proteção ambiental não
podem chegar a Cuba", afirmou Roberto
Carrasco, do Fundo Nacional do Meio Ambiente
de Cuba. Segundo ele, essa situação
põe em risco a biodiversidade de uma
área importante no Caribe.