João
Pessoa/PA (10/11/06) - Cebus kaapori, um macaco
conhecido popularmente como caiarara, cairara
ou ainda macaco-cara-branca, junto com o sauim-de-coleira
(Saguinus bicolor), são as duas espécies
de mamíferos mais ameaçados
de extinção na Amazônia.
A informação
é do Centro de Proteção
de Primatas Brasileiros (CPB), centro especializado
em fauna do Ibama, que além de desenvolver
atividades técnico-científicas
visando à conservação
das espécies ameaçadas de extinção,
mantém projetos de inventário
e mapeamento das áreas de ocorrência
de populações selvagens entre
ele o Projeto Kaapori.
Segundo o coordenador do
projeto, o biólogo Marcos de Souza
Fialho, em virtude da situação
crítica do caiarara, os trabalhos do
projeto Kaapori foram iniciados ainda no ano
de 2005 "com o objetivo de responder
quantas são e onde estão as
suas populações remanescentes".
Ele informou que nesses dois últimos
anos ocorreram quatro expedições
totalizando mais de cinco mil quilômetros
percorridos no estado do Maranhão.
Como resultados preliminares,
foram identificados apenas oito localidades
com indicação consistente de
ocorrência da espécie. Destas
áreas, três estão em Terras
Indígenas, as demais em áreas
particulares e assentamentos rurais. A única
Unidade de Conservação na Maranhão
com a espécie é a Reserva biológica
Gurupi. Os resultados dessas pesquisas transformam-se
em ações efetivas de conservação,
as quais irão se estender posteriormente
até o Pará.
O CAIARARA
O caiarara foi descrito
cientificamente como espécie em 1992
,e, de imediato, considerado como “criticamente
em perigo de extinção”. Endêmico
do Brasil, sua restrita área de distribuição,
a leste do rio Tocantins, no estado do Pará,
e a oeste de São Luis, capital do Maranhão,
coincide com o chamado “Arco do Desmatamento”.
É neste cenário
degradado que o primata tenta sobreviver,
já que restam hoje apenas 30% da cobertura
da exuberante e biodiversa floresta, e que
continua diminuindo a cada dia. Para Fialho,
o mais crítico é a situação
da Rebio Gurupi, onde ainda são encontradas
algumas espécies exclusivas ou que
hoje são raras em boa parte do País,
como a ararajuba - ave símbolo do Brasil
- a onça-pintada, a arara-azul, a anta,
o cachorro-do-mato-vinagre, a harpia, e sete
espécies de macacos, entre outras.
A unidade já chegou
a receber o triste título de a “Unidade
de Conservação em pior situação
do Brasil”, agregando-se a este cenário
o histórico conflito agrário
das frentes de expansão agrícola,
da caça, da criação de
bovinos, desmatamento, etc..
OBSERVAÇÃO
DAS EXPEDIÇÕES
O pouco da Floresta Amazônica
que insiste em resistir encontra-se em Terras
Indígenas (TIs), no caso, as TIs de
Caru, Awá, Alto Turiaçu e Araribóia,
e na incipiente e vulnerável Reserva
Biológica (Rebio) do Gurupi.
Durante expedição
à Rebio do Gurupi, realizada em outubro
deste ano, em busca do caiarara, foi possível
observar in loco todos os aspectos acima mencionados
e ter uma dimensão clara da magnitude
da degradação ambiental decorrente
do abandono a que esta Reserva está
sujeita.
A equipe formada pelos analistas
ambientais Plautino de Oliveira Laroque, Leandro
Jerusalinsky , Juliana Gonçalves Ferreira,
e o coordenador Marcos de Souza Fialho, acreditam
na urgência de uma operação
em larga escala, de caráter interinstitucional
e contínuo que iniba as atividades
ilícitas que vêm acontecendo
na Unidade de Conservação do
Gurupi.
Aldo Vasconcelos