14 de Novembro de 2006 -
Alana Gandra - Repórter da Agência
Brasil - Rio de Janeiro - Um estudo realizado
pelo Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior
em parceria com a PricewaterhouseCoopers junto
a 163 indústrias, associações
setoriais e instituições financeiras
detectou que 79% das empresas brasileiras
pretendem realizar projetos de Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo (MDL). O estudo foi
feito no primeiro trimestre deste ano, e aponta
também que 70% das empresas pesquisadas
têm faturamento anual superior a R$
200 milhões.
Instituído por sugestão
do governo brasileiro no Protocolo de Quioto
(artigo 12), o mecanismo objetiva fomentar
o desenvolvimento sustentável em países
emergentes, que poderão negociar a
redução de emissões de
gases na atmosfera com os países considerados
altamente poluidores. O MDL pretende estimular
a aliança entre crescimento econômico,
inclusão social e preservação
do meio ambiente, mediante a transferência
de tecnologia dos países ricos para
as nações em desenvolvimento.
A principal conclusão
do estudo, segundo informou à Agência
Brasil o sócio da PricewaterhouseCoopers,
Rogério Gollo, é que a maioria
dos empresários sabe que a realização
de projetos de MDL é fundamental para
a consolidação da nova visão
de desenvolvimento, mas ainda não implementaram
esses projetos. “Eles sabem que é um
bom negócio, tanto em termos sócio-ambientais
ou de investimento, ouviram falar, mas ainda
não tomaram a decisão de realizá-los”.
“Está faltando aquela
coragem, o empurrãozinho para tomar
a decisão como parte da análise
de investimento total, disse Gollo, acrescentando
que falta o link (ligação) entre
o setor de meio ambiente e o pessoal de planejamento
e investimento das empresas.
O segundo entrave, conforme
Rogério Gollo, é que as empresas
não têm, em geral, uma visão
de longo prazo no país. “Elas associam
isso a mercado de mais curto prazo, e por
isso adiam as decisões de investimento”.
O executivo afirmou que
os projetos de MDL têm que fazer parte
da agenda de investimento e de melhoria das
empresas. E tudo começa, segundo Gollo,
com o inventário de emissões.
Se as empresas fizessem um levantamento de
onde poderiam gerar eficiência de energia,
saberiam com mais facilidade onde poderiam
ou não atuar, explicou.
De acordo com a pesquisa,
a maior parte das empresas e entidades consultadas
(74% do total) ressalta que o principal objetivo
é o cumprimento de leis ambientais.
“Falta o passinho a mais. Quer dizer, estou
tranqüilo na lei e agora quero ver se
vou adiante. Partir para a ação”,
enfatizou Gollo.
Por setores, a maior conscientização
sobre a importância do Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo foi observada na área
industrial, com destaque para os setores de
química e petroquímica, além
da siderurgia e mineração, cujos
dirigentes se mostram atentos a essa questão.