15
de Novembro de 2006 - Vladimir Platonow -
Repórter da Agência Brasil -
Brasília - O presidente da Funasa,
Jarbas Barbosa, e o ministro da Saúde,
Agenor Álvares, participam da Mostra
Nacional de Saúde Indígena,
que discute ações para melhorar
a saúde dos povos indígenas.
Brasília - Lideranças
indígenas pediram maior atenção
do governo federal para as condições
de saúde nas tribos. O maior problema,
segundo os índios, é a falta
de saneamento básico, como o precário
fornecimento de água tratada, o que
provoca doenças especialmente em crianças,
levando muitas à morte. O assunto está
sendo debatido até a próxima
sexta-feira (17), na 1ª Mostra Nacional
de Saúde Indígena, que acontece
em Brasília.
A coordenadora do Fórum
dos Conselhos Distritais de Saúde Indígena,
Carmem Pankararu, alertou para a grave situação
vivida em algumas aldeias brasileiras. “A
realidade é bastante crítica,
principalmente em regiões no Norte
do país. Existe um grande sucateamento
na frota de veículos do governo usados
no deslocamento às aldeias, o que provoca
demora no atendimento”, avaliou a líder
indígena.
Segundo ela, os índios
que vivem no Vale do Javari, no Amazonas,
e na região do Alto Juruá, no
Acre, vêm enfrentando epidemias de hepatite
e de malária. Em São Gabriel
da Cachoeira (AM), segundo ela, o problema
maior é o alto índice de suicídio,
decorrente da falta de terras e do baixo atendimento
de saúde.
No norte do estado de Minas
Gerais, Carmem cita os casos dos povos Xakriabá
e Maxacali como os mais preocupantes. “São
comunidades à beira de uma tragédia,
pela falta de atenção pública,
principalmente quanto aos altos índices
de desnutrição”, disse.
Apesar da avaliação
da líder indígena, para o diretor
executivo da Fundação Nacional
de Saúde (Funasa), Danilo Fortes, a
situação nas aldeias 1não
é tão grave e tem evoluído
nos últimos anos. “Graças ao
esforço feito pela Funasa, o atendimento
tem melhorado, mas é lógico
que pelas dimensões do país
ainda existem áreas com situação
crítica”, disse Forte.
Segundo ele, não
existe falta de verba para os programas de
saúde indígena. “Neste ano tivemos
um orçamento de R$ 411 milhões
e para 2007 o valor deve passar a R$ 600 milhões”,
apontou.
De acordo com ele, a grande
dificuldade no atendimento é logística
e operacional, pois muitas aldeias ficam localizadas
em regiões remotas, em meio a rios
e igarapés, e só podem ser acessadas
de barco ou avião, o que aumenta o
custo da operação.
O líder xavante Miguel
Rua, de Mato Grosso, discorda do diretor da
Funasa e pede maior atenção
à saúde de seu povo. “Em nossa
área é muito precário
o atendimento. A mortalidade infantil e adulta
continua aumentando”, denuncia.
Para Miguel Rua, o maior
responsável pelas mortes é a
falta de saneamento básico: “As crianças
ficam com diarréia e desidratação
porque a água é contaminada”.
E ele completa: “Não é só
o remédio que resolve a saúde
indígena. É a alimentação
e a água”.