17 de Novembro de
2006 - Ivan Richard - Da Agência Brasil
- Brasília - Enviar uma correspondência
eletrônica, trocar experiências
e conhecimento com outras comunidades e conversar
com pessoas que estão distantes são
exemplos de facilidades da internet. Agora,
uma parceria entre o Ministério das
Comunicações e a Fundação
Nacional de Saúde (Funasa) vai levar
essa realidade também para aldeias
indígenas de todo o país. Os
responsáveis pelos primeiros pontos
a serem instalados - serão 20 até
janeiro do próximo ano - passaram por
treinamento durante a 1ª Mostra Nacional
de Saúde Indígena, iniciada
no último dia 15 e que termina hoje
(17), em Brasília.
A idéia é
utilizar o programa Governo Eletrônico
– Serviço de Atendimento ao Cidadão
(Gesac) como forma de levar a inclusão
digital aos índios. A parceria foi
firmada em março deste ano durante
a 4ª Conferência Nacional de Saúde
Indígena. A meta é instalar
o programa, que permite acesso à internet
de alta via satélite, em 220 aldeias
em todo país até o final de
2007.
O presidente da Funasa,
Paulo Lustosa, explicou que a parceria vai
proporcionar, além da inclusão
digital, a melhoria no repasse de informações
sobre a saúde indígena. ”Vamos
melhorar nossos sistemas de informação
demográfica, de mortalidade infantil,
vacinação, e DST/AIDS”, exemplificou.
“Os vários sistemas que hoje são
preenchidos a mão passarão a
ser feitos pela internet, de tal maneira que
tenhamos maior confiabilidade dos dados para
firmarmos nossas políticas públicas”,
completou Lustosa.
Cecília Tumbalalá
participou do treinamento realizado durante
a 1ª Mostra Nacional de Saúde
Indígena. Ela mora na aldeia Tumbalalá,
localizada entre os municípios de Abaré
e Curaçá, na Bahia. Segundo
Cecília, na sua aldeia a internet chegou
em 2004, depois de uma parceria entre uma
organização não-governamental
e o Ministério das Comunicações.
São 4 computadores para uso de aproximadamente
três mil índios.
“Ajuda no envio de documentos
para os órgãos competentes,
ajuda os mais jovens na escola. A gente também
teve a oportunidade de participar da inclusão
digital, que é nosso direito”, afirmou.
“Depois a gente começou a reivindicar
por mais saúde, educação
e na própria questão territorial”,
contou Cecília Tumbalalá.
De acordo com ela, a chegada
da internet diminuiu a barreia de acesso ao
conhecimento e tem despertado muito interesse
em todas na aldeia. “O uso é articulado.
Existe um grupo gestor para gente tentar administrar
o tempo e horário para atender todo
mundo. Porque, realmente, todos procuram e
é um pouco complicado administra o
tempo, mas estamos esticando. Começou
com quatro horas, depois só pela manhã
e agora atendemos até a noite”, informou.
Para a coordenadora do Fórum
de Presidentes dos Conselhos Distritais de
Saúde Indígena, Carmem Pankararu,
o Gesac pode ajudar a salvar vidas. “Primeiro
vai facilitar a comunicação
e vai ajudar, com certeza, a salvar vidas.
Porque o grande índice de mortalidade
entre os índios é por acidentes
ou por doenças degenerativas exatamente
pela falta de comunicação”,
pontuou. “Quem está na selva e é
picado por cobra e se não tiver a comunicação
para chamar o avião de imediato morre“,
exemplificou.