12 de Novembro de 2006 -
Gabriella Noronha - Da Agência Brasil
- Brasília - O Brasil produz mais de
2 mil toneladas de ostras por ano. Entretanto,
depois de consumida a ostra, a maior parte
das conchas descartadas é jogada em
terrenos baldios ou no fundo do mar, provocando
impactos nesses ambientes. Para encontrar
formas de aproveitamento das conchas descartadas,
está sendo desenvolvido em Santa Catarina
o projeto Valorização dos resíduos
da maricultura, que é a criação
de frutos do mar, como mariscos e camarões,
por exemplo.
O pesquisador Fernando Sant'Anna,
um dos coordenadores do projeto, diz que,
além de proporcionar benefícios
ao meio ambiente, o aproveitamento das conchas
pode trazer uma nova fonte de renda aos maricultores.
"O objetivo é
valorizar os resíduos da maricultura
na região do Ribeirão da Ilha,
que é o grande produtor de ostras de
Santa Catarina, além de avaliar os
impactos ambientais desse descarte indevido",
afirma.
Apenas em Ribeirão
da Ilha, maior região produtora do
marisco no estado, estimam os responsáveis
pelo projeto, são geradas cerca de
16 toneladas de conchas por mês, quantidade
que pode triplicar no verão. O acúmulo
das conchas no fundo do mar pode tornar as
baías mais rasas e, assim, impedir
a circulação de água,
prejudicando a própria maricultura,
que necessita de água limpa.
No caso dos resíduos
descartados em terrenos baldios, a matéria
orgânica pode atrair roedores e outros
vetores de doenças, alertam.
As conchas poderiam ser
reaproveitadas pois, de acordo com Fernando
Sant'Anna, 80% de sua massa é composta
por carbonato de cálcio (CaCO3), matéria-prima
utilizada na fabricação de produtos
como complementos alimentares, plásticos,
cerâmicas, ração animal
e cal para construção civil.
O reaproveitamento das conchas
não é algo novo. Sant'Anna explica
que antigos moradores do litoral catarinense
aqueciam conhas com fornos rudimentares, chamados
de caieiras, para transformá-las em
cal, daí o nome de alguns lugares da
Ilha de Santa Catarina, como Caieira da Barra
do Sul e Caieira do Saco dos Limões.
O projeto, que tem o apoio
do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq), envolve dois
alunos de graduação, dois de
pós-graduação, uma pesquisadora
e quatro professores - dois da Universidade
Federal de Santa Catarina e dois da Universidade
do Sul de Santa Catarina (Unisul).