Pesquisa Científica
- 14/11/2006 - O projeto, desenvolvido pelo
Inpa, estuda a relação da irradiação
na região e suas conseqüências
em peixes.
A penetração
de raios ultravioletas (UV) na água
está relacionada à quantidade
de material sobre a água e à
quantidade de carbono orgânico dissolvido
na mesma. Essas radiações podem
causar vários distúrbios fisiológicos
nos peixes, tais como danos epiteliais e bioquímicos.
Então, como saber se os raios estão
afetando os peixes que habitam os rios da
Amazônia, principalmente, os que apresentam
estratégias respiratórias como
o tambaqui e o pirarucu? Para isso foi desenvolvido
o projeto “Efeitos da Radiação
Ultravioleta no Pirarucu e Tambaqui: Análise
dos Efeitos das Radiações UVA,
UVB e UVR (UVA+UVB) sobre essas espécies”.
O projeto foi desenvolvido
pelo pesquisador Adalberto Luís Val,
do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
(Inpa), vinculado ao Ministério da
Ciência e Tecnologia. A pesquisa também
envolveu 16 pessoas entre pesquisadores, estudantes
de pós-graduação e colaboradores
externos e técnicos.
O estudo verificou os efeitos
da radiação ultravioleta sobre
os organismos aquáticos que podem ocorrer
quando a mesma atinge as águas de alta
transparência ou quando as espécies
vêm à superfície para
respirar. No caso dos peixes da Amazônia,
a dependência da superfície aquática
é muito maior que em outras bacias.
Isso acontece porque seus ambientes são
pouco oxigenados. Então, a saída
dos peixes foi desenvolver estratégias
respiratórias para poderem sobreviver.
Durante as pesquisas, os
testes feitos com os animais demonstraram
que quando eles são expostos à
radiação UVB, a mesma mostrou-se
mais perigosa que quando expostos à
UVA ou UVR (UVA + UVB). Os estudos também
comprovaram que peixes expostos à radiação
ultravioleta por um período de 30 min
à 4 horas, em condições
controladas em laboratório, apresentam
mudanças hematológicas, ou seja,
alterações na glicose e no cortisol.
Essas mudanças caracterizam o UV como
um agente estressor.
“A exposição
do pirarucu à radiação
ultravioleta (UVR) por 240 minutos resultou
também em um aumento significativo
da proteína-C, indicando uma provável
ativação de um processo inflamatório.
Para estes animais, a radiação
constitui um agente estressante agudo, o qual
surge causando danos em vários níveis
da organização biológica”,
afirmou o pesquisador, acrescentando que em
relação ao aumento dos danos
ao DNA, os testes demonstraram claramente
que o pirarucu é vulnerável
à exposição ultravioleta
e que a destruição de seu habitat
natural, quer seja por desflorestamento, quer
seja por assoreamento, pode expor o animal
mais efetivamente aos efeitos nocivos desta
radiação.
O pesquisador destacou que
o estudo realizado com a exposição
de tambaquis à radiação
apresentou alterações significativas
nos índices hematológicos, nas
células brancas (células de
defesa) e em seu desempenho natatório.
Já em relação ao pirarucu,
foi detectado um aumento relativo às
anormalidades nucleares eritrocíticas
(ENA), ou seja, causando a formação
de células mutantes ou de células
com erros genéticos.
Segundo ele, o pirarucu
é um animal sensível e que ainda
merece maior investigação, principalmente,
porque seu habitat está cada vez mais
modificado. Além disso, o assoreamento
de rios e lagos os impõe a uma maior
exposição ao UV.
Luís Mansuêto - Assessoria de
Comunicação do INPA