16-11-2006 - São
Paulo
Resposta do Greenpeace à matéria
do Estadão sobre energia nuclear
Ao
Jornal O Estado de S.Paulo
Cecília Thompson
Prezada Cecília,
A reportagem “Após
20 anos, governo vai concluir obra de Angra
3” ao citar o Greenpeace comete um grave erro.
O Greenpeace foi, é, e sempre será
contra usinas e armas nucleares. Aliás,
a história do Greenpeace começou
em 1971 com uma atividade contra a realização
de testes nucleares pelos Estados Unidos nas
Ilhas Aleutas no Alasca. Estamos, inclusive,
enviando hoje uma nota à imprensa condenando
essa decisão do Governo Brasileiro.
A energia nuclear é
ultrapassada e perigosa, pois expõe
a população a riscos desnecessários
e incalculáveis no caso de mau uso
ou acidentes. As usinas são caras e
sujas, produzindo lixo radioativo que permanece
perigoso por milhares de anos. O Programa
Nuclear Brasileiro já custou cerca
de 40 bilhões de dólares ao
Brasil, com a construção de
duas usinas nucleares, Angra 1 e 2. Juntas,
elas geram apenas 2% da eletricidade produzida
no Brasil – algo em torno de 1900 megawatts
(MW). A pequena produção e o
alto custo da energia nuclear inviabilizam
ainda mais esta opção, que deve
ser substituída por fontes renováveis,
seguras e limpas, que é a grande vocação.
A confusão da reportagem
do jornal Estado de S.Paulo pode ter ocorrido
porque um ex-colaborador do Greenpeace, Patrick
Moore, ao sair da organização,
passou a prestar consultoria paga para empresas
que fornecem produtos/serviços para
a indústria nuclear. Cabe ressaltar
que Moore não fala em nome da organização
e nem faz parte dela há muitos anos.
O Greenpeace, ao contrário,
não aceita doações de
empresas, governos e partidos políticos,
como forma de manter sua independência.
Nossas atividades são financiadas principalmente
por pessoas físicas, pequena parte
dos recursos é proveniente de licenciamento
de marca e outra pequena parte vem de fundações
não corporativas.
Cordialmente,
Gladis Éboli
Diretora de Comunicação
Greenpeace Brasil