20 de Novembro de 2006 -
Monique Maia - da Agência Brasil - Brasília
- O advogado ambientalista Fernando Pinheiro
prevê o surgimento de um novo mercado,
após a entrada de países em
desenvolvimento no Protocolo de Quioto: o
de tecnologias para reduzir as emissões
de gases nocivos ao meio ambiente.
Com a revisão das
metas prevista na Conferência sobre
Mudança Climática das Nações
Unidas, realizada na semana passada em Nairóbi,
no Quênia, Pinheiro lembrou que "em
2008 o Brasil, a China, a Índia e outros
países, que poderão estar em
fase de transição, passando
de beneficiários para co-responsáveis,
tratarão de estabelecer mecanismos
de salvaguardas para que entrem em condições
de igualdade com os países desenvolvidos,
cuja tecnologia é suficiente para entrar
no mercado de redução de emissões
vendendo equipamentos e conhecimentos”.
Pinheiro destacou que os
Estados Unidos não são signatários
do protocolo – acordo internacional que visa
reduzir a emissão de gases por parte
dos países industrializados – já
vêm desenvolvendo tecnologias para a
mudança da atual matriz, baseada na
uso de petróleo, que é não-renovável
e poluidor. “Os processos que eles desenvolvem
são muito parecidos com o programa
brasileiro para o álcool, com a busca
de células de hidrogênio e células
mistas, para geração de energia
de tal maneira que vamos ter uma pressão
externa ao protocolo que é a criação
de um novo mercado promovido pelos Estados
Unidos”, explicou.
De acordo com a ministra
do Meio Ambiente, Marina Silva, 80% das emissões
de gases poluentes são oriundos da
queima de combustíveis fósseis.
“Não adianta nada o nosso esforço
em relação à redução
do desmatamento de florestas. Até porque
as próprias florestas estarão
destruídas. Inclusive, hoje mesmo já
estamos tendo perda de floresta em função
do aquecimento global. Então, esse
mecanismo do biocombustivel, das energias
renováveis como a biomassa, solar e
eólica precisa acontecer”, afirmou.
Durante a conferência
que reuniu representantes de 189 países,
a ministra apresentou proposta que cria um
mecanismo compensatório para os países
em desenvolvimento, que efetivamente reduziram
suas emissões de gases por meio do
combate ao desmatamento.
“Esse incentivo é
importante porque, da mesma forma que é
difícil para os paises desenvolvidos
mudarem a matriz energética, pelo alto
custo da substituição dos combustíveis
fósseis por outras fontes de energia,
para os países em desenvolvimento é
também muito difícil mudar o
modelo. Assim, é fundamental que se
tenha recursos para investimentos na pesquisa,
para o crédito, para o incentivo a
novas tecnologias e, principalmente, novas
práticas de produção”,
acrescentou Marina Silva.